29 set, 2018 - 19:55
O ex-Presidente da República Cavaco Silva marcou presença na cerimónia de inauguração do 'campus' de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, mas deixou o local antes do discurso do chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou pelas 19h15, quinze minutos antes da hora prevista, e fez questão de cumprimentar o seu antecessor, Cavaco Silva, sentado, desde as 18h30, numa das pontas da primeira fila, uma vez que já planeava sair antes do fim da cerimónia.
À chegada, o Presidente da República foi efusivamente aplaudido pela plateia.
Menos de dez minutos depois da entrada do chefe de Estado, Cavaco Silva deixou o local e, à saída, questionado pelos jornalistas se iria sair sem ouvir Marcelo Rebelo de Sousa, justificou: "Vou para uma festa familiar a que não posso faltar".
Nos últimos dias, o atual e o anterior chefes de Estado envolveram-se numa troca de palavras a propósito da não recondução da atual procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, que será substituída por Lucília Gago.
Na quarta-feira, Cavaco Silva considerou que a não recondução da PGR foi a decisão "mais estranha do Governo que geralmente é conhecido como gerigonça".
Cavaco Silva, que falou à margem de um congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), classificou a não recondução de Joana Marques Vidal como algo "muito estranho, estranhíssimo, tendo em atenção a forma competente como exerceu as suas funções e o seu contributo decisivo para a credibilização do Ministério Público".
Um dia depois, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que é ao Presidente da República e não ao Governo a quem cabe nomear a PGR, dizendo que "por uma questão de cortesia e de sentido de Estado" não comentaria as palavras de Cavaco Silva.
"O que me está a dizer é que o presidente Cavaco Silva, no fundo, disse que era a mais estranha decisão do meu mandato. Perante isso, tenho sempre o mesmo comportamento: entendo que, desde que exerço estas funções, não devo comentar nem ex-Presidentes, nem amanhã quando o deixar de o ser, futuros presidentes, por uma questão de cortesia e de sentido de Estado, e não me vou afastar dessa orientação", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, à margem da IV Cimeira do Turismo, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal.