05 nov, 2018 - 17:16 • Eunice Lourenço
O Presidente da República garante que nunca manteve contactos bilaterais com a Polícia Judiciária (PJM) sobre ocaso de Tancos nem lhe chegou – ante sou depois da recuperação das armas – qualquer indicação de que a operação pudesse ser ilegal.
Numa nota publicada esta segunda-feira no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa pretende esclarecer factos relativos à operação de recuperação das armas e munições furtadas de Tancos, depois de programa da RTP “Sexta às 9”, do passado dia 2 de novembro, ter noticiado que a Presidência, através do chefe da Casa Militar, teria sido informada que havia encobrimento na operação de recuperação do material.
O Presidente, na nota, quis deixar claro que nunca foi informado de qualquer hipótese de a operação de recuperação ser ilegal ou criminosa.
“Nenhum membro da Casa Civil ou da Casa Militar [da Presidência] falou ou escreveu ao Presidente da República sobre a operação da descoberta das armas de Tancos, antes de ela ter ocorrido. Nem tão pouco falou ou escreveu sobre a operação, depois de vinda a público, nomeadamente como sendo ou podendo vir a ser ilegal ou criminosa, incluindo quaisquer memorandos ou referências a reuniões com eles relacionados”, lê-se na nota em que o Presidente começa por escrever que “nunca recebeu o Diretor da Polícia Judiciária Militar ou qualquer elemento dessa instituição”. O diretor da PJM esteve presente na visita a Tancos que Marcelo fez a 4 de julho de 2017.
“Vista essa”, explica a nota, “durante a qual o Presidente percorreu, com as entidades presentes, circunstanciadamente, a área em causa e teve uma reunião com todos os responsáveis”, mas em que Marcelo “não teve qualquer reunião bilateral com nenhum deles”.
Na nota divulgada no site da Presidência, também é garantido que “não existe na Casa Civil ou na Casa Militar da Presidência da República qualquer documento relativo a operação de recuperação das armas de Tancos, antes ou depois de ter ocorrido, incluindo quaisquer memorandos ou referências a reuniões com eles relacionados”. E ainda mais uma garantia: “Não existe registo de qualquer estafeta da Presidência da República a entregar ou receber documentação da ou na Polícia Judiciária Militar”.
Marcelo pretende assim distanciar-se das suspeitas de que também teria sido informado de que a recuperação do material furtado envolvia uma combinação da PJM com o alegado assaltante e o seu encobrimento.
Os pormenores da operação teriam sido dados a conhecer num memorando entregue ao então chefe de gabinete do ministro da Defesa que os teria transmitido ao ministro, Azeredo Lopes. Já depois da demissão do ministro, o antigo porta-voz da PJM, Vasco Brazão, veio dizer que o memorando não fala em encobrimento, mas apenas na existência de um informador, sem dizer que esse informador seria o suposto assaltante.
Segundo a investigação do programa “Sexta às 9”, esse memorando e os pormenores da operação também teriam sido dados a conhecer ao então chefe da Casa Militar da Presidência da República, o que poderia indiciar que o chefe de Estado – que também é comandante supremo das Forças Armadas – também tinha conhecimento. Uma suspeita que Marcelo tem vindo a tentar afastar todos os dias.