21 nov, 2018 - 16:21
O autarca de Lisboa, Fernando Medina (PS), diz-se surpreendido com a proposta do seu partido de reduzir o valor do IVA nas touradas.
É um caso que, disse o presidente da Câmara de Lisboa à Renascença, acabou por revelar um cenário de mal-estar entre o grupo parlamentar do Partido Socialista e o Governo de António Costa.
"Acho que não houve obviamente coordenação, fiquei surpreendido também como o primeiro-ministro ao ver a proposta do grupo parlamentar", avançou Medina no programa "Casa Comum".
"Do ponto de vista orçamental acho que não tem nenhum significado, desse ponto de vista não tem importância para o debate, acho que teve importância do ponto de vista do debate política e da relação política entre o grupo parlamentar e o Governo", referiu.
No mesmo programa, o socialista cita um mau momento para o partido. "Acho que não é, obviamente, um bom momento e estou a dizer uma evidência desse relacionamento e dessa leitura política."
Sobre as posições públicas de um lado e outro da barricada, Medina diz lamentar "o tom muito crispado e muito radicalizado com que as opiniões sobre este tema se colocaram na praça pública" e garante que não partilha delas, "nem de um lado nem de outro".
"Acima de tudo", ressalta, "acho que isto fica marcado não por nenhum impacto orçamental mas, no fundo, por um impacto político do ponto de vista da relação do Governo com o grupo parlamentar".
Ainda no programa "Casa Comum" desta quarta-feira, o eurodeputado social-democrata Paulo Rangel classificou o caso do IVA das touradas como mais uma "trapalhada" de António Costa.
"O primeiro-ministro contradisse-se sistematicamente. Primeiro entrou, digamos, à matador, para usar uma expressão vinda da tauromaquia, porque quis, ele próprio, dizer que era o Governo que definia e que isto não era uma matéria de consciência e depois veio dizer que afinal havia liberdade de voto. Depois nós vimos que, quando [Costa] foi presidente da Câmara de Lisboa, tinha uma opinião sobre o espetáculo tauromáquico que também mudou, também há aqui uma contradição que ele não foi capaz de explicar e portanto há aqui uma trapalhada geral."
Rangel também acusa o chefe do Executivo de tentar agradar a toda a gente. "Penso que isto corresponde a um espírito muito próprio do 'Costismo', que é um espírito de união nacional, que é tentar, no fundo, protagonizar todas as correntes e tentar agradar a toda a gente."