25 nov, 2018 - 09:13 • Eunice Lourenço
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Quem acredita na eternidade, mais facilmente acredita que a saída do Reino Unido da União Europeia se concretize. E o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acredita na eternidade. Ainda assim, saúda o acordo com vista ao Brexit que será discutido este domingo no Conselho Europeu.
“É melhor haver acordo do que não haver acordo e este acordo representou muito trabalho para ultrapassar os problemas de uma decisão que foi a decisão de partirem”, disse o Presidente em declarações à Renascença, à margem do jantar de 100º aniversário da Sociedade Filarmónica Olhalvense, no concelho de Alenquer.
Marcelo começou por salientar a “boa notícia” do desaparecimento da “objeção espanhola”, que punha em causa a própria cimeira deste domingo se não houvesse acordo sobre Gibraltar.
“Mantém-se o acordo entre os 27 em relação ao entendimento com o Reino Unido. Isso é bom. Estiveram unidos durante este tempo todo, continuam unidos, continuarão amigos. Naturalmente, depende daquilo que for a decisão soberana dos órgãos de poder político do Reino Unido – aí não nos podemos substituir – mas tenho a esperança de que eles perceberão que é do interesse dos britânicos, como é do interesse dos europeus continentais haver este acordo”, continuou o chefe de Estado português.
Questionado sobre se ainda tem esperança que o Brexit volte atrás e não se concretize, o Presidente respondeu com fé: “A vida não termina amanhã e, portanto, vamos por passos”.
“Eu acredito na eternidade e se acredito na eternidade por maioria de razão acredito que, mesmo neste mundo, pode haver um dia uma situação em que os britânicos venham a reconhecer que era mais útil, é mais útil e seria mais útil estarem juntos connosco”, espera Marcelo.
Mas, continuou, “vamos resolver cada problema a seu tempo”. Agora, o tempo “é resolver o acordo”: os europeus já resolveram, depois é preciso que esse mesmo acordo seja aprovado no Reino Unido, onde é notória a divisão mesmo dentro do Governo. Por fim, será preciso que “comece a ser aplicado e se olhe para o futuro e se construa o futuro”.
Elogio das filarmónicas
Marcelo Rebelo de Sousa, que recebe centenas de convites para aniversários de coletividades, rompeu o seu princípio de não aceder a nenhum por não poder ir a todos para ir ao centenário da Sociedade Filarmónica de Olhavo, uma freguesia do concelho de Alenquer, onde fez o elogio das coletividades e, sobretudo, das filarmónicas.
À chegada, o Presidente disse que estava ali, em primeiro lugar, para expressar “gratidão a quem durante 100 anos esteve a servir o povo desta terra”.
Em segundo lugar, salientou o “mérito de formar jovens”. Com 100 anos de história, a SFO teve sobretudo nos últimos 30 anos, uma formação importante de juventude. “É uma importante tarefa educativa. Não é só servir a comunidade, é educar e formar a comunidade”, frisou Marcelo, salientando que “há cultura de várias maneiras e a cultura popular é uma forma de cultura muito importante e as filarmónicas têm um papel essencial na cultura popular”.