11 dez, 2018 - 16:02
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António Costa garantiu esta terça-feira no Parlamento, durante o debate quinzenal, que as cirurgias adiadas por causa da greve dos enfermeiros vão realizar-se entre janeiro e março de 2019.
Questionado pela bancada do CDS sobre o impacto da greve dos enfermeiros às cirurgias, o primeiro-ministro disse que, "com os dados de hoje e sem mais cirurgias anuladas, no primeiro trimestre do próximo ano estarão em condições de ser reprogramadas e executadas".
No debate quinzenal, o último do ano, e sob críticas da oposição por causa das greves em curso numa série de setores da sociedade portuguesa, o chefe do Governo criticou o facto de a paralisação dos enfermeiros ter gerado cancelamentos de cirurgias que já estavam programadas, dizendo que tal é "inaceitável".
"Quando uma bastonária diz que com a greve pode haver mortes de doentes, a responsabilidade deontológica só pode ser uma: ninguém pode morrer por causa do exercício do direito à greve", sublinhou Costa.
Criticado por Fernando Negrão pela "incapacidade" de dialogar com os profissionais de saúde, Costa acusou o líder do PSD de "fazer de porta-voz da bastonária da Ordem dos Enfermeiros", sob fortes protestos da bancada social-democrata.
Questionado sobre o número preciso de cirurgias já adiadas, Costa respondeu: "Se me pergunta se as greves a cirurgias programadas é uma prática aceitável, devo dizer que considero que não é aceitável. São mais de 5.000 cirurgias que já foram canceladas, considero de facto grave, mas não me compete substituir aos dirigentes sindicais."
Ordem afasta risco
Em resposta às críticas do primeiro-ministro, a Ordem dos Enfermeiros garantiu esta tarde que não houve nenhuma situação durante a greve em blocos operatórios que tenha posto em risco a vida de doentes.
"Não há nenhuma situação que tenha colocado em risco a vida de ninguém", afirmou a bastonária da ordem, Ana Rita Cavaco, aos jornalistas no final de uma reunião que teve em Lisboa com os sindicatos que convocaram a greve e com os enfermeiros diretores dos cinco hospitais onde decorre a "greve cirúrgica".
Segundo a Ordem, os enfermeiros estão a trabalhar além dos serviços mínimos que o tribunal arbitral decretou para esta greve.
"Espero que não haja outra classe profissional a tentar amedrontar as pessoas e a tentar cavalgar uma greve que não é deles, é dos enfermeiros", afirmou Ana Rita Cavaco.
A bastonária considerou ainda "inaceitável" que o Governo se recuse a negociar com os sindicatos que convocaram a greve às cirurgias, lembrando que o fez no caso dos estivadores.
[Atualizado às 17h28]