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Rui Rio acusa procuradora-geral de "tentar condicionar um Parlamento livre"

18 dez, 2018 - 13:21 • Agência Lusa

Em causa está a polémica restruturação do Conselho Superior do Ministério Público.

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O presidente do PSD, Rui Rio, acusou esta terça-feira a procuradora-geral da República, Lucília Gago, de fazer uma pressão inaceitável sobre a Assembleia da República para impedir alterações na composição do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).

"A pressão da Senhora Procuradora-Geral da República para tentar condicionar um Parlamento livre e democraticamente eleito é inaceitável. O que, por aí, não se diria se fosse ao contrário: por exemplo, o Presidente da AR a pressionar a PGR para arquivar um dado processo", escreveu Rui Rio numa publicação colocada hoje na sua conta da rede social Twitter.

O líder social-democrata comentava declarações de Lucília Gago, na segunda-feira, em Coimbra, sobre a eventual alteração da composição do CSMP preconizada pela atual direção do PSD, designadamente o aumento do número de membros designados pelo parlamento e pelo Presidente da República.

A procuradora-geral da República defendeu que qualquer alteração à composição do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) seria uma "grave violação do princípio da autonomia", assumindo que a sua permanência no cargo poderia ficar em causa, se avançassem as alterações.

"Pretendo deixar claro que qualquer alteração relativa à composição do Conselho Superior do Ministério Público que afete o seu atual desenho legal - designadamente apontando para uma maioria de membros não magistrados - tem associada grave violação do princípio da autonomia e consequentemente radical alteração dos pressupostos que determinaram a aceitação que fiz do cargo de procuradora-geral da República", salientou Lucília Gago, em Coimbra, na tomada de posse da nova procuradora-geral distrital de Coimbra, Maria José Bandeira.

Na quinta-feira passada, também o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), António Ventinhas, justificou a marcação de uma greve para fevereiro próximo com a alegada intenção do PS e PSD de alteração da composição do CSMP.

Segundo Ventinhas, com aquela alteração, ficando em maioria os membros designados pelo poder político, o que está em causa é o "controlo do Ministério Público e da investigação criminal", designadamente o combate à corrupção e à restante criminalidade económico-financeira.

O PS, pela voz do deputado Filipe Neto Brandão, rejeitou por várias vezes que o seu grupo parlamentar pretenda mexer na composição do CSMP ou no “princípio constitucional” da “autonomia do Ministério Público”.

“Não é propósito do grupo parlamentar do PS alterar o critério de garantia de uma maioria de magistrados do MP [Ministério Público] superior aos elementos eleitos ou designados fora dessa magistratura”, reiterou depois um comunicado da bancada socialista.

A posição dos socialistas aconteceu depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter considerado inoportuna qualquer alteração na composição do CSMP.

"A mera alteração da composição não exige revisão constitucional, exige que o Presidente promulgue. E ficou patente eu ter considerado inoportuna essa questão neste momento", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no final de uma iniciativa sobre a Europa, na Sociedade de Geografia de Lisboa.

No sábado, a ex-PGR Joana Marques Vidal também defendeu que "será de manter" a atual composição do CSMP, em nome da independência dos tribunais.

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  • João Lopes
    18 dez, 2018 Viseu 20:11
    Rui Rio está a destruir o PSD e parece querer condicionar a independência da justiça. «Um Estado que não se regesse segundo a justiça reduzir-se-ia a um grande bando de ladrões»: Agostinho de Hipona (354-430).
  • Filipe
    18 dez, 2018 évora 14:31
    Os capangas da Justiça Portuguesa adoram moverem-se pelos campos Nazis semeados no passado por Adolf Hitler , impedem a todo o custo ingerências Disciplinares avaliadas pelo Povo , pois julgam-se seres únicos no Mundo que nunca erram e nem admitem erros , a semente que Hitler quis criar à força pelo racionamento da Raça Humana . É claro que ilustres fora do Ministério Público tem o dever e tal como na Magistratura Judicial , avaliar a incompetência dessa gente , não chega só o Tribunal dos Direitos Humanos . E sempre que existe lá condenação , devia descer o processo na parte disciplinar e aferir o que conduziu a tal erro e punir os infratores severamente . Eles até criticam as decisões de tal Tribunal , já viram algum Magistrado pedir desculpar ou assumir algum erro , nem que seja mínimo ? Anarquia nos tribunais Portugueses é o que existe mais , e só é desvendada por quatro ou cinco advogados que a relatam porque não precisam da Advocacia para comer , os outros e outras ficam caladinhos de joelhos perante essa abutre podridão de justiceiros e justiceiras que andam por aí . Talvez no meio disto tudo se encontre uns 10 % aplicados ao Direito que é formulado na Assembleia da República , o restante aplica a própria Lei nos tribunais que fazem as suas casas pessoais em quanto lá estão . Não fiquem com dúvidas , é assim como digo e ponto final . Lamenta-se existirem poucos recursos e poucos irem lá fora os apresentar , a 1ª Instância fica toda escondida , por revelar ao povo .
  • Cidadao
    18 dez, 2018 Lisboa 14:07
    Tentativa mal disfarçada de inversão do que está à vista de todos... Mais uma caso clássico do "... chama-lhe a ele, antes que ele te chame a ti ...". Não é assim que o PSD sai do marasmo, nem o lider se torna um verdadeiros adversário do Costa cada vez mais sorridente

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