05 jan, 2019 - 17:01
O PCP pediu a audição urgente, no parlamento, do conselho regulador da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) sobre o caso da entrevista à TVI de Mário Machado, líder de um movimento de extrema-direita, foi anunciado este sábado.
A Assembleia da República, "enquanto órgão de soberania representativo da democracia portuguesa, não deve permanecer indiferente perante atentados aos valores democráticos e humanistas", lê-se no requerimento, com data de 4 de janeiro e hoje divulgado, assinado pela deputada comunista Diana Ferreira.
O PCP quer que se analise com a ERC, na comissão parlamentar de Educação, Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, "a questão da apologia do fascismo, do racismo, e de práticas criminosas que lhe estão associadas" e qual a "resposta a dar pelas instituições democráticas ao fenómeno".
Mário Machado, condenado por envolvimento na morte de Alcino Monteiro, foi convidado no âmbito da rubrica "Dica de sua (In)Justiça", do programa Você na TV, da TVI, na quinta-feira, que tinha como tema "Precisamos de um Novo Salazar?".
O ex-líder da Frente Nacional esteve preso dez anos, em cúmulo jurídico, por crimes como discriminação racial, coação agravada, posse ilegal de arma, danos e ofensa à integridade física qualificada.
No requerimento, o PCP alegou que Machado pertence a "uma organização criminosa que assume a sua natureza fascista e racista" e condenado pelo "homicídio de um cidadão cabo verdiano".
É "um caso" de "particular gravidade" por se tratar de um "criminoso assumido e condenado por crimes de sangue de cariz racista", argumentaram ainda os comunistas.
Num comunicado intitulado "Em nosso nome não!", o Sindicato dos Jornalistas (SJ) considerou "inqualificável o tempo e o espaço concedido pelo canal de televisão TVI a Mário Machado, conhecido líder da extrema-direita, várias vezes condenado e preso por diversos crimes".
O canal de televisão, através de comunicado das direções de informação e de programas, justificou-se, afirmando estar comprometidas com a emissão de "uma programação diversificada" e que "o debate entre diferentes correntes de opinião faz parte de uma sociedade democrática, plural e tolerante".