08 jan, 2019 - 14:18 • Redação
Um dia antes do início dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito às armas desaparecidas de Tancos, e depois encontradas, os deputados estiveram, nesta terça-feira de manhã no terreno.
“Acho que era fundamental conhecer aquilo que é a realidade no terreno. Porque, quando estamos a falar nos paióis nacionais de Tancos, estamos a falar em quase 390 mil metros quadrados, são 39 campos de futebol”, refere o deputado António Carlos Monteiro, do CDS, um dos partidos que pediu a visita aos paióis.
“A informação que temos neste disponível neste momento diz-nos que, em 2007, decidiram reduzir os homens que estavam aqui de guarda, de 44 para seis. Ora, se num campo de futebol um árbitro e dois juízes de linha muitas vezes não dão conta do recado, aquilo que nos deixa de alguma forma preocupados é perceber que estes quase 39 campos de futebol tinham, durante 24 horas, seis homens a vigiar”, destaca o mesmo deputado.
A comissão de inquérito vai ouvir 63 pessoas nos próximos meses.
“Amanhã, iniciar-se-ão as inquirições, as diligências probatórias e esta foi uma diligência requerida pelos grupos parlamentares do PSD e do CDS, que mereceram o acolhimento unânime da comissão”, explica o presidente da comissão parlamentar, Filipe Neto Brandão.
“Aquilo que hoje existe não é exatamente o que existia à data dos factos, mas, de qualquer maneira, relativamente à sua localização e perímetro, permite – e era esse o objetivo – referenciar e saber do que estamos a falar”, completa.
O primeiro-ministro, António Costa, será um dos interpelados, mas irá responder por escrito. Mas o primeiro a ser ouvido será o coronel Manuel Vieira Esperança, antigo comandante do Regimento de Infantaria de Tomar.
O furto do material militar – granadas, explosivos e munições, entre outros – dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017. Em setembro, a investigação do Ministério Público, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR e foi nessa altura que o CDS anunciou a comissão de inquérito, aprovada apenas com a abstenção do PCP e do PEV.
A comissão tem, a partir de quarta-feira, 180 dias (até maio), prorrogável por mais 90, para chegar a conclusões.