10 jan, 2019 - 15:49 • Paula Caeiro Varela
A oposição a Rui Rio no seio do PSD já conseguiu reunir as 33 assinaturas necessárias para a convocação de um Conselho Nacional extraordinário com vista à destituição da atual direção, mas o processo, mesmo que saia vitorioso, não implica automaticamente a queda de Rui Rio.
A Renascença falou com vários responsáveis do PSD que garantem que este ataque ao poder era previsível e lembram que a moção de censura será aos órgãos do partido e não ao líder. Ou seja, uma moção de censura aprovada em Conselho Nacional pode levar à queda dos órgãos partidários que são eleitos em Congresso, mas não do presidente, que foi escolhido em eleições diretas. Rio pode ficar sem comissão política, mas não perde a liderança do partido.
Caso a moção de censura ganhe, cabe a Rui Rio decidir se pede a convocação de um congresso extraordinário para eleger uma nova comissão política ou se se demite e provoca eleições diretas para a liderança.
Estes cenários já estão a ser considerados entre os próximos de Rio que, garantem, não foi surpreendido pelo acelerar da oposição interna, nesta altura. Alguns dirigentes disseram mesmo à Renascença que estavam atentos e à espera de um ataque ao poder por volta desta data pelo facto de começar a aproximar-se o tempo de fazer listas: primeiro para o Parlamento Europeu e, depois, para a Assembleia da República.
O cenário interno do PSD acelerou com a hipótese de convocação de um Conselho Nacional e com a declaração de Luís Montenegro - o ex-líder parlamentar que, no congresso do ano passado, pré-anunciou disponibilidade para a liderança partidária - de que em breve diria alguma coisa sobre o PSD.
"Em breve, muito em breve falarei sobre o estado do PSD, falarei mesmo sobre o futuro do PSD porque entendo que este estado de coisas tem, efetivamente, de acabar. Isto tem que mudar, o PSD assim não vai conseguir afirmar-se”, disse Montenegro, na quarta-feira, no programa semanal que tem na TSF.
O “em breve” será até ao inicio da próxima semana e será um anúncio de candidatura e um desafio a Rui Rio para uma disputa eleitoral cuja realização dependerá do próprio Rui Rio.