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Rio recusa “diretas já” e mantém estratégia

12 jan, 2019 - 11:10 • Eunice Lourenço , Paula Caeiro Varela

Líder do PSD quer mostrar que o partido funciona e que é um garante de estabilidade.

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Rui Rio vai fazer Luís Montenegro esperar. Depois do desafio do ex-líder parlamentar ao presidente do PSD para a convocação imediata de eleições diretas para a liderança do partido, a estratégia de Rio, segundo dirigentes do partido contatados pela Renascença, é mostrar que há órgãos do partido legítimos e estáveis e, depois, há uns agitadores que estão a prejudicar o PSD.

Nas primeiras declarações que fez após o desafio de Montenegro, Rio disse que não ia ignorar o que se está a passar, mas que não ia responder de imediato. Usou mesmo uma metáfora desportiva para dizer que não estava numa corrida de 100 metros, mas de meio-fundo. Uma forma de dar a entender que não vai embarcar de imediato no pedido de “diretas já” do candidato a candidato a líder.

De acordo com um dos dirigentes com que a Renascença falou, Rui Rio não quis sequer ter uma resposta preparada da direção do partido a Montenegro para não valorizar o momento e para mostrar que o partido está ocupado com outras coisas que não a guerrilha interna.

A declaração de Isabel Meireles, uma das vice-presidentes, saiu fora desse controlo. A dirigente fez primeiro uma declaração à agência Lusa a acusar Luís Montenegro de estar a fazer um golpe e, já depois da declaração do ex-líder parlamentar, falou às televisões na sede do PSD, mas ressalvando que era a título pessoal e não em nome da direção do partido.

Acabou por ser o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a forçar a oportunidade de Rio falar ainda na noite de sexta ao agendar um encontro com o presidente do PSD no Porto, onde o chefe de Estado estava para um concerto na Casa da Música.

Marcelo diria, depois, que o encontro foi para tratar de assuntos como a descentralização, mas o sinal do Presidente estava dado. Marcelo recebe Luís Montenegro esta segunda-feira, mas a pedido dele.

A estratégia de Rio é mostrar que há uma direção legítima a funcionar e continuar a cumprir o seu calendário.

Este sábado, tem uma reunião do conselho estratégico, em Coimbra, onde não estão previstas declarações. E para 16 de fevereiro está prevista a apresentação do trabalho final desta espécie de governo sombra criado para preparar as propostas setoriais do PSD.

Na semana que agora termina, foram, aliás, apresentadas as propostas para a Saúde e para o Ensino Superior.

O líder do PSD controla, agora, os tempos de resposta à sua oposição. E fará questão e mostrar que todos os órgãos do partido funcionam e são legítimos. Por isso, se Montenegro quer contar apoios primeiro terá de os contar no Conselho Nacional, o principal órgão do partido entre congressos. Já estava em curso um movimento de estruturas distritais para a convocação de uma reunião extraordinária para apresentação de uma moção de censura.

No entanto, a moção de censura não pode destituir o líder, que é eleito em diretas, mas apenas a sua comissão política, que foi eleita no congresso. Tanto apoiantes de Rio, como críticos, duvidam que essa moção vingue e, mesmo que vingue, não leva automaticamente à convocação de diretas. Aí, Rio teria a opção de pedir um congresso extraordinário para eleger nova comissão política ou aceitar a censura política e então convocar eleições diretas.

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