05 fev, 2019 - 00:55
A eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), Marisa Matias, defende que há muito equívocos nas posições sobre a Venezuela e acusa PSD e CDS de “oportunismos de última hora”.
No jantar das jornadas parlamentares do partido, em Santa Maria da Feira, Marisa Matias defendeu esta segunda-feira que a posição bloquistas é clara.
“O Bloco de Esquerda não apoia nem nunca apoiará Nicolás Maduro, mas isso não significa que um desastre possa ser corrigido com uma asneira e aquilo que foi o comportamento irresponsável do Parlamento Europeu, e agora do Governo português, é poder converter uma situação desastrosa numa asneira, com uma possibilidade enorme de conflito e guerra civil”, afirmou a eurodeputada.
Nesta intervenção no dia em Portugal reconheceu o Presidente interino, Juan Guaidó, a cabeça-de-lista do BE às eleições europeias de maio também apontou baterias aos partidos de direita.
“Também temos que denunciar os oportunismos de última hora, os oportunismos do PSD e do CDS, que estendiam passadeiras vermelhas ao ex-ministro e agora Presidente, Nicolás Maduro, porque punham os negócios à frente dos direitos humanos e que agora vem fingir que defendem os direitos humanos para depois tratarem dos negócios”, acusa a eurodeputada bloquista.
Em relação à Venezuela, Marisa Matias refere que o Bloco não está com o Presidente norte-americano, Donald Trump, mas sim ao lado da posição do secretário-geral da ONU, António Guterres, que optou por não tomar partido e propõe ser um mediador no conflito.
Portugal reconhece e apoia a legitimidade de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela com a missão de organizar eleições presidenciais livres e justas, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Por seu lado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, informou que acompanha a decisão do Governo, transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.
Portugal e outros 18 países da União Europeia assinaram hoje uma declaração conjunta de reconhecimento a Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, maioritariamente da oposição, como "presidente interino da Venezuela" com o objetivo de convocar "eleições presidenciais livres, justas e democráticas".
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos da América e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, maioritariamente da oposição, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.