20 fev, 2019 - 19:30 • Tiago Palma
O presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros (Sindepor), Carlos Ramalho, anunciou na terça-feira que entraria em greve de fome "à porta do Presidente da República" a partir hoje. E entrou: Carlos Ramalho chegou aos jardins junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, pelas 12h30 desta quarta-feira.
O sindicalista considera que a greve dos enfermeiros é "legalíssima", o parecer do conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República "muito injusto", e acusa o Governo de estar a coagir (a partir de quinta-feira, o Ministério da Saúde pondera atribuir faltas injustificadas a todos os que adiram à greve) os profissionais em protesto.
Entretanto, em nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje se deslocou a Madrid, garante que “está naturalmente a acompanhar a situação relativa aos enfermeiros”.
O Presidente da República garante igualmente que deu instruções à sua equipa médica para “se disponibilizar para acompanhar o senhor enfermeiro [Carlos Ramalho]”, que Marcelo já contactou a fim de “se inteirar do seu bom estado de saúde”.
Recorde-se que a direção da Sindepor (Carlos Ramalho optou por não estar presente) solicitou uma audiência ao Presidente da República, tendo, esta quarta-feira, sido recebida na Casa Civil.
“A Casa Civil tomou conhecimento dos diferentes elementos apresentados pela direção do sindicato, que transmitiu ao Presidente da República, e recordou que se trata de matéria da competência do Governo”, explica-se no comunicado.
Carlos Ramalho afirma que o Sindepor não vai desconvocar a greve, mas considera que "os enfermeiros vão trabalhar coagidos e obrigados, porque está a ser posto em causa o direito a greve".
O presidente do Sindepor remeteu ainda para o Governo a responsabilidade de decidir quando terminará a greve de fome que decidiu iniciar em protesto pela forma como a tutela tem lidado com a greve cirúrgica.
Carlos Ramalho reconheceu que a forma de protesto é extrema.
“Considero que, de facto, é uma situação extrema, mas de qualquer forma é a reação também a uma situação extrema. como nunca se viu neste país. que foi o ataque que tem sido feito pelo Governo contra uma profissão digna, que só pretende justiça e negociações”, disse o sindicalista.