05 mar, 2019 - 09:00 • Paula Caeiro Varela
Quatro dias, três províncias e uma visita presidencial aguardada com enorme expectativa por Portugal e Angola. Marcelo Rebelo de Sousa aterra esta terça-feira, em Luanda, para selar o último passo de uma reaproximação nas relações institucionais dos dois países.
Ainda antes do início da visita oficial, o Presidente da República participa na festa de aniversário do seu homólogo angolano. João Lourenço celebra 65 anos de vida e convidou Marcelo para a festa.
Ainda nem chegou, mas é o assunto do momento na imprensa angolana há vários dias: Marcelo Rebelo de Sousa tem-se multiplicado em entrevistas a vários jornais, que demonstram bem a importância que esta visita oficial do chefe de Estado tem, não apenas para Portugal, mas também para Angola.
Uma "viagem de afetos", como lhe chamou em editorial o director do “Jornal de Angola”, lembrando que há "feridas" recentes que ainda estão "frescas", e que esta visita só é possível porque foi feito um caminho desde que o processo do ex-vice Presidente de Angola, Manuel Vicente, suspeito de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, foi enviado para Angola, ultrapassando-se o que o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, cunhou como o "irritante".
Luanda não tem trânsito, está calor, é feriado de Carnaval, e só há sinais de festa. O "irritante" é coisa do passado e - tal como Marcelo Rebelo de Sousa vaticinou - uma vez ultrapassada essa questão, "Portugal e Angola estão vocacionados a encontrar-se".
E esse encontro começou com a visita do primeiro-ministro, António Costa, em setembro do ano passado; reforçou-se com a visita oficial de João Lourenço a Lisboa, em novembro; e agora, pouco mais de três meses depois, será selado com esta aguardada presença do Presidente português.
Antes mesmo do programa formal, que só tem início na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa é um dos convidados da festa privada para celebrar o 65º aniversário do Presidente angolano, João Lourenço.
Mas, e talvez mais revelador ainda, o próprio chefe de Estado português vai celebrar em Angola três anos como Presidente. Em Belém, aliás, é abertamente assumido que esta será uma das mais importantes visitas do mandato.
As lições do "Ti Celito": diplomacia e economia
Para Portugal, afetos à parte, é fundamental a presença de Marcelo Rebelo de Sousa - carinhosamente tratado por "Ti Celito" pelos angolanos - para agilizar o processo de regularização de dívidas de Angola às empresas portuguesas, que está já em curso.
Há cerca de duas semanas, o ministro dos Negócios Estrangeiros esteve em Angola, para fechar os dossiers da visita, esse, e mais de 20 acordos de cooperação previstos em várias áreas, com destaque para a as da Saúde e Educação.
Marcelo Rebelo de Sousa faz-se acompanhar pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva; adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira; e da Agricultura, Luís Capoulas Santos.
Luanda será o palco do primeiro dia de visita oficial, na quarta-feira, com um encontro bilateral e uma conferência de imprensa conjunta e, à tarde, um discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na Assembleia Nacional (tal como João Lourenço teve honras de discursar no Parlamento português).
Segue-se um encontro com alunos da Universidade Agostinho Neto, onde Marcelo Rebelo de Sousa vai responder a perguntas dos estudantes.
Na quinta-feira, a comitiva parte para visita às províncias de Huíla e Benguela, sendo a passagem pelo Lobito, onde nasceu João Lourenço, vista como mais um ponto importante na agenda de Marcelo Rebelo de Sousa.