25 abr, 2019 - 03:04 • Redação
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O primeiro-ministro considera que os novos movimentos políticos populistas e sindicais têm mais destaque do que merecem. “Damos mais atenção à bizarria”, afirmou António Costa na emissão especial da Renascença dedicada aos 45 anos do 25 de Abril.
“A História é muito mais lenta daquilo do que nós julgamos. Hoje temos conhecimento das coisas mais depressa e tendemos a achar que houve mudanças que se verificaram, mas às vezes são coisas passageiras”, sustenta o chefe do Governo.
Numa emissão em direto a partir do Palácio de S. Bento, António Costa disse que os políticos populistas e a sindicalização de movimentos inorgânicos gozam de uma maior mediatização e exposição junto da opinião pública, em relação aos movimentos tradicionais.
“É evidente que, como nós damos mais atenção à bizarria do que àquilo que é normal, esses movimentos radicais, seja de que natureza for, políticos ou sindicais, têm muito mais destaque e não é só cá, é um problema internacional”, sublinhou.
O primeiro-ministro dá o exemplo das últimas eleições suecas, em que a base da emissão da estação de televisão Euronews era na sede do partido de extrema-direita da Suécia, “porque era a grande bizarria que ia ser o grande vencedor das eleições, mas ficou em quarto lugar”.
“Quando nós desvalorizamos quem fica em primeiro, segundo e terceiro, que eram os partidos ditos tradicionais, e damos atenção à bizarria de quem emergiu e ficou em quarto lugar, aí um dia arriscamo-nos a ficar na situação da França que, no fundo, tem duas escolhas: ou Macron ou a extrema-direita”, adverte António Costa.
Recordado que nos Estados Unidos a “bizarria venceu”, o primeiro-ministro fala num fenómeno altamente perturbador em várias partes do mundo, nomeadamente na Europa.
“É verdade. Venceu nos Estados Unidos, venceu no Brasil. Olhamos para os outros, mas eu acho que é altamente perturbador ver que, por exemplo, hoje em Itália a principal força política é o sr. Salvino [extrema-direita]. Isso é altamente perturbador”, sublinha.
António Costa defende que os sistemas políticos têm de “revelar capacidade para perceber as causas desses fenómenos e serem capazes de reagir”.