25 abr, 2019 - 11:56 • Eunice Lourenço , Susana Madureira Martins
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“Mais ambição na democracia, na demografia, no Portugal pós-colonial, na digitalização, num mundo mais sustentável” foi este o pedido do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso com que encerrou a sessão parlamentar comemorativa dos 45 anos do 25 de Abril. O Presidente pediu também uma economia a crescer, a dependência do endividamento a diminuir e mais solidariedade intergeracional.
“Parece um programa impossível?”, perguntou Marcelo. “Talvez, mas a história faz-se sempre de programas, de ideias impossíveis. Portugal é uma impossibilidade com quase 900 anos. Porque haveríamos de ser nós a não acreditar em Portugal”, respondeu o Presidente.
Marcelo Rebelo de Sousa começou o seu discurso a lembrar os jovens de 1974, como ele próprio, os seus anseios e esperanças por democracia, liberdade e desenvolvimento. Nenhum, reconheceu, pode dizer com rigor que viu todos os seus desejos consagrados, mas todos acabaram por ver muito do essencial no seu denominador comum atingido.
O Presidente lembrou também o processo colonial que não foi tão fácil como por vezes parece. “Somos inexcedíveis nesse fazer de conta de que o mais difícil é fácil”, disse Marcelo, prometendo que os jovens de 74 continuam a preferir a democracia mais imperfeita a qualquer perfeita ditadura. Tal como continuam a rejeitar “messianismos de messias impossíveis” e sebatianismos de sebastiões que não voltam.
“Esperamos mais, muito mais da Europa e dos países falantes de português. Não cederemos a xenofobias ou a traumas pós-coloniais. Desejamos muito mais e melhor, mas reconhecemos que valeu a pena o momento fundador”, afirmou o Presidente, para quem agora é preciso olhar e dar resposta aos anseios e esperanças dos jovens de 2019.
“Querem um mundo mais aberto, mais fialogante, mais inclusivo. E querem-no em atos, em gestos diários. Não se conte com eles para fronteiras, interditos de circulação de pessoas, ideias, projetos de vida”, acredita o Presidente, que alertou para a necessidade de a democracia clássica encontrar formas de incluir uma participação cada vez mais digital e com novas formas de interagir, sob pena de ser uma democracia de meras formas, cada vez com menos conteúdo.
O Presidente avisou também que não se conte com os jovens de 2019 para aceitarem “clientelismos”. Para eles, disse, os objetivos gerais e abstratos valem muito pouco quando não são acompanhados de passos cada vez mais rápidos e visíveis em setores como a educação ou a segurança social.
“Os jovens de 2019 querem respostas”, continuou Marcelo. E querem respostas para os problemas demográficos, para as desigualdades que continuam a persistir e até se agravam no território, com novos pobres a juntarem-se a velhos pobres”, e para os desafios que a digitalização traz à economia e ao emprego.
Ao mesmo tempo, continuou Marcelo, é preciso explicar aos menos jovens que há mesmo alterações climáticas e há deveres intergeracionais. “O desafio dos jovens de 2019 é mais global” que os desafios dos jovens de 1974, disse o Presidente que terminou o seu discurso a pedir mais ambição, sem fazer qualquer referência ao fato de este ser uma ano eleitoral