25 abr, 2019 - 10:15 • Eunice Lourenço
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“Faltam 10 anos, 8 meses, 5 dias e 13 horas para o ponto de não retorno. Se todos e todas quisermos, se todas e todos nos unirmos tal como fizemos há 45 anos, ainda vamos a tempo” – foi com um alerta e um tempo muito concreto que o deputado do PAN, André Silva, pediu uma revolução no Ambiente que permita salvar a Terra.
“Temos de ser corajosos e competentes para que em 2030 a temperatura média do planeta não suba 1 grau e meio, o limite a partir do qual os fenómenos meteorológicos extremos são imprevisíveis e a nossa vida neste planeta se tornará mais difícil de suportar”, continuou André Silva, no seu discurso na sessão solene do 25 de Abril.
O deputado do PAN começou por expressar a sua gratidão aos que lutaram e resisitiram ao regime autoritário e “pedir desculpa por todos os que morreram e foram atingidos pela violência da guerra colonial e agradecer aos que lhe puseram fim”. Reconheceu que se vive melhor do que há 45 anos e que “hoje, o desenvolvimento, aferido por uma série de indicadores sociais e económicos, é inquestionável”.
Mas, contrapôs, agora é preciso dar atenção aos problemas ambientais porque “o Antropoceno, o período que vivemos, pode mesmo ser a última idade do Ser Humano”. “Em Portugal, necessitamos de dois planetas para suportar o nosso actual modelo de produção e consumo. Cada um de nós, nesta sala, gasta em média 12 toneladas de recursos naturais para viver num ano, o que é manifestamente incomportável e excessivo para o peso de um ser humano. Estamos a viver acima das capacidades do Planeta. Vivemos a crédito, a bancarrota ambiental está anunciada, e quem tem poderes de supervisão e de intervenção continua em modo negligente”, continuou o deputado, para quem “a elite política continua a decidir segundo as leis do modelo económico linear”.
“Dominar, Explorar, Extrair, Transformar, Produzir, Vender, Comprar, Usar, Descartar e Extinguir: são os 10 mandamentos do crescimento ilimitado, sem o qual, dizem-nos, não pode existir desenvolvimento”, acusou André Silva, que não vê nas soluções políticas tradicionais resposta para o problema: “Da esquerda extrativista à direita produtivista, apenas podemos esperar guerrilha partidária, tecnocracia e discursos redondos e vagos”.
A elite política, afirmou André Silva, “está de costas voltadas para o futuro das pessoas”, pelo que são os “jovens, movidos pela urgência climática e pela desesperança na classe política que não os ouve” que se manifestam.
“Devemos também ao 25 de Abril o fim do ciclo de isolamento internacional. O sonho de cumprir Portugal e de cumprir o Planeta faz-se também na Europa. A união dos povos irmãos europeus faz-nos mais fortes e capazes de liderar o grande combate das nossas vidas: o das alterações climáticas. O Ambiente pede Revolução”, concluiu André Silva, prometendo que “ao PAN, seja na rua, em São bento ou em Bruxelas, não faltará a voz, a determinação, ou a coragem para enfrentarmos a crise ambiental”.