07 mai, 2019 - 09:32 • Marta Grosso , Miguel Coelho com redação
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Foi com surpresa que o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, ouviu a ameaça de demissão de António Costa, no passado dia 3 de maio. O secretário-geral do PCP fala em “calculismo eleitoral”.
“Não percebemos os fundamentos. Esta ideia de 'ou é como eu quero ou vou-me embora' não foi apenas um grito de alma”, diz o líder do PCP, na Renascença, esta terça-feira.
“A questão de fundo é saber, em relação a essa nova fase da vida política nacional, se o Partido Socialista” quer continuar, depois de ponderada “esta fase da vida política nacional que deu contribuições muito positivas para um processo de reposição de rendimentos e direitos”, diz Jerónimo de Sousa.
“O Partido Socialista não mudou nestes três anos e meio. O que mudou foi a conjuntura e a nova correlação de forças existente na Assembleia da República. Portanto, o PS poder querer mudar a conjuntura”, analisa.
Convidado no programa As Três da Manhã, numa semana em que são ouvidos os líderes partidários a propósito das eleições europeias, o secretário-geral comunista garante que as opções do seu partido são para manter, incluindo no que diz respeito aos professores.
Jerónimo de Sousa diz compreender o apelo do líder da Fenprof, Mário Nogueira, mas diz que “a matéria de facto” é que as propostas do CDS e do PSD implicam “que nem em 50 anos os professores recuperariam a contagem do tempo que lhes é devido”.
“O problema das propostas do CDS e do PSD é que não salvam nada, antes pelo contrário: abrem uma nova frente de frente, além da questão da contagem do tempo, uma frente de ofensiva contra os professores, designadamente em relação ao estatuto das suas carreiras. É isto não é uma coisa pequena, porque o período das maiores lutas dos professores foi precisamente a defender esse estatuto que agora volta a ser posto em causa”, recorda.
E insiste: “O CDS em particular faz um acrescento inquietante: pôr em causa o estatuto da carreira docente. Muitos já não se lembram, mas foi precisamente com um governo maioritário do Partido Socialista que desencadeou esse processo e custou muita luta aos professores defenderem o seu estatuto”.
Quanto à relação com o Governo e a uma eventual futura segunda “geringonça”, o secretário-geral do PCP diz que “o poder de decisão não é de António Costa nem meu, é do povo português”.
No programa As Três da Manhã, Jerónimo de Sousa respondeu também a questões sobre o seu passado político e profissional, recordando quando foi convidado a concorrer à então assembleia constituinte.
Jerónimo de Sousa tem 72 anos, tem o 4º ano do Curso Industrial e foi operário metalúrgico. É membro do PCP desde 1974.
A Renascença entrevista esta semana os líderes partidários dos principais partidos concorrentes ao Parlamento Europeu. Assunção Cristas (CDS) foi a primeira. Catarina Martins, Rui Rio e António Costa são os líderes que se seguem.