07 jun, 2019 - 01:12 • Marisa Gonçalves, com redação
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, convocou os representantes do Estado no conselho de administração da TAP para uma reunião de urgência, que está marcada para esta sexta-feira, confirmou a Renascença.
A notícia surge depois de uma reunião do conselho de administração da TAP, que serviu para debater a polémica em torno dos prémios atribuídos a 180 trabalhadores, no valor de mais de um milhão de euros.
O Ministério das Infraestruturas e da Habitação criticou, esta quinta-feira, a Comissão Executiva da TAP. O dinheiro gasto nestes prémios constitui mesmo uma “quebra da relação de confiança” por parte da TAP em relação ao Estado, referiu a tutela, em comunicado.
O tema marcou o debate quinzenal desta quinta-feira. O primeiro-ministro, António Costa, defendeu que o Estado considera o modelo de distribuição de prémios decidido pela comissão executiva da TAP "incompatível com os padrões de sobriedade" que devem existir em empresas participadas pelo Estado.
O Bloco de Esquerda exigiu uma tomada de posição do Governo. "A nossa opinião é que a política de prémios de mais de um milhão de euros numa empresa que é maioritariamente pública e que apresenta um prejuízo de mais de 100 milhões de euros é completamente injustificado, imoral e inaceitável", condenou o deputado do BE Heitor de Sousa, em declarações aos jornalistas no Parlamento, em Lisboa.
O deputado bloquista lembrou que, "quando o Estado assumiu o controlo maioritário acionista da empresa, mas afirmou claramente que a gestão seria privada e continuaria a ser privada", o BE avisou que "isso iria dar mau resultado" porque esta é a consequência da gestão privada.
"São decisões inaceitáveis que tudo fazem para impedir que o controlo público da empresa se possa exercer plenamente quando o controlo maioritário acionista é do Estado", lamentou.
Através da rede social Twitter, o líder do PSD, Rui Rio, acusou o Governo de “enganar os portugueses” a mostrar indignação com a distribuição de prémios na TAP.
Na terça-feira, 4 de junho, a agência Lusa noticiou que a TAP pagou prémios de 1,171 milhões de euros a 180 pessoas, incluindo dois de 110 mil euros atribuídos a dois quadros superiores.
Segundo um documento a que a Lusa teve acesso, em causa estão prémios que foram pagos com o salário de maio destes colaboradores e que oscilam entre os 110 mil e pouco mais de mil euros, depois de um ano em que a TAP registou um prejuízo de 118 milhões de euros.
Entretanto, a Comissão Executiva da TAP justifica a atribuição de prémios com o "programa de mérito" implementado pela companhia, que diz ter sido "foi fundamental" para os resultados atingidos em 2018.