03 jul, 2019 - 07:19 • Lusa
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O Presidente português defendeu que Portugal e Moçambique devem "estreitar acordos financeiros económicos, na agricultura, na indústria, nos serviços", e "aprofundar entendimentos políticos, da justiça à administração do território, da segurança à defesa".
Num jantar no Palácio da Ajuda, em Lisboa, em honra do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que iniciou terça-feira uma visita de Estado a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu também que os dois países devem "criar áreas de conjugação de esforços na reconstrução do que os ciclones deste ano vieram destruir" em Moçambique.
No plano multilateral, o chefe de Estado português apelou à ação conjunta "por uma parceria justa entre Europa e África" e insistiu na importância da livre circulação no espaço lusófono, declarando: "Juntos podemos e devemos fazer mais pela nossa estratégia na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), incluindo na mobilidade dos nossos cidadãos".
Perante Filipe Nyusi, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que os povos português e moçambicano estão unidos numa "teia de compreensões e de empatias e de mobilizações" que constitui "uma sólida base" para Portugal e Moçambique enfrentarem em conjunto estes e outros desafios.
"Juntos podemos e devemos levar mais longe a cooperação educativa, cultural e social. Juntos podemos e devemos estreitar acordos financeiros e económicos, na agricultura, na indústria, nos serviços, e ampliar investimento e comércio. Juntos podemos e devemos aprofundar entendimentos políticos, da justiça à administração do território, da segurança à defesa", elencou.
No quadro das Nações Unidas, considerou que os dois países devem "lutar pela paz, pelos direitos humanos, pelo direito internacional, pelo multilateralismo, e por respostas urgentes às alterações climáticas e aos novos desafios da justiça social intergeracional".
"É todo um mundo de projetos", observou.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse no seu discurso que a paz duradoura desejada para Moçambique está a ser confrontada e dificultada pelos ataques de "malfeitores" na província de Cabo Delgado.
"As aspirações dos moçambicanos de viver em paz efetiva e duradoura estão a ser confrontadas pelos ataques perpetrados por malfeitores ainda sem rosto em alguns distritos da província de Cabo Delgado, colocando em causa a ordem tranquilidade públicas e o desenvolvimento normal das atividades produtivas naquela região do país", disse o Presidente moçambicano.
Nyusi afirma que "o Governo moçambicano continuará enérgico e firme na tomada de medidas necessárias para contrariar este fenómeno e continuar a garantir que o nosso país seja efetivamente tranquilo e seguro para os moçambicanos, estrangeiros que pretendam investir em Moçambique". Nos ataques, desde 2017, já morreram mais de 200 pessoas.
O Presidente moçambicano disse que, na segunda-feira, numa chamada telefónica ao presidente da Renamo, Ossufo Momade, voltou a "reiterar que o processo de paz em Moçambique, concretamente o desarmamento e a desmobilização e a reintegração é irreversível".
"Portugal pode, neste processo, desempenhar um papel cada vez mais útil no sentido de usar das suas capacidades e conhecimento para encorajar os moçambicanos na resolução rápida deste pendente, como sempre o fez e bem, sem naturalmente esvaziar o direito e dever legítimo dos moçambicanos a serem protagonistas da sua história", declarou.
O Governo moçambicano representa, segundo o Presidente, "uma nova geração de governação (...)" com o compromisso de "liderar um governo que privilegia a paz e a promoção do diálogo acima de disputas domésticas pelo poder, com o objetivo claro de assegurar o crescimento da economia e consequente desenvolvimento do país".
Filipe Nyusi agradeceu o imenso apoio prestado por Portugal após a destruição causada pelos ciclones Idai e Kenneth em Moçambique.
"Queremos continuar a trabalhar com Portugal, estabelecendo parcerias mutuamente vantajosas para efetivamente beneficiarmos das oportunidades de investimentos que os nossos dois países oferecem em várias áreas", declarou.
"Estamos ainda a trabalhar no sentido de manter e melhorar o ambiente de negócios de modo a promover e consolidar o investimento doméstico e estrangeiro", sublinhou o Presidente moçambicano.
Filipe Nyusi relembrou que Portugal pode ser uma porta de entrada para Moçambique na Europa e que o país africano lusófono por ser também uma entrada para Portugal em África.
Esta quarta-feira arranca a IV Cimeira Bilaterial entre Portugal e Moçambique.