08 jul, 2019 - 22:06
O líder do PSD , Rui Rio, acusa António Costa de o imitar ao querer reduzir impostos.
Depois de o primeiro-ministro ter afirmado, na segunda-feira, em entrevista à Renascença, que vai cortar na carga fiscal se o PS continuar no poder, o presidente do PSD questionou, na última noite, em entrevista à TVI, esta opção de António Costa
"Ouviu-me dizer que vou reduzir impostos, passa a reduzir também, quando tinha dito que não reduzia a carga fiscal. Agora, diz que o faz, mas, ao mesmo tempo, diz que gostou da solução à esquerda e vai repeti-la. Como é que ele repete a solução à esquerda e, ao mesmo tempo, faz o que eu estou a propor fazer?", quesionou.
O líder do PSD rejeitou as críticas centralismo e de ter implementado uma ditadura no partido. Rio diz vai abrir as listas a críticos, mas não admite faltas de lealdade.
Questionado sobre as acusações de que é “centralizador autoritário”, Rui Rio responde: “não. Não. E quem me conhece bem sabe exatamente que não.”
Rui Rio rejeita também a imposição das suas ideias na Comissão Permanente, na sequência da demissão do vice-presidente Castro Almeida, episódio que não comentou diretamente.
“Quando eu tenho, relativamente a uma matéria, uma convicção, aí, sou inabalável. Ouviu-me agora falar sobre os julgamentos populares: isso é uma convicção, está dentro de mim, não vale a pena fazer reuniões porque eu não mudo de opinião. Mas isto são em coisas muito pontuais, em que sou profundamente convicto. Tirando isso, no dia a dia… Acha que isto [o quadro macroeconómico do PSD] foi imposto por mim? Nem de longe nem de perto”, afirma o líder social-democrata.
“Discordar de forma leal”
Questionado se vai admitir críticos na lista de candidatos a deputados do PSD, Rio fez questão de distinguir os que apoiaram o seu adversário Santana Lopes na disputa interna dos que foram desleais depois da sua vitória.
"O que não me é indiferente é não haver lealdade, pode-se até discordar de forma leal", afirmou, apontando que, no caso de críticas feitas por fontes anónimas, consegue perceber "com facilidade" quem são.
O presidente do PSD, Rui Rio, afirmou não ter apego pessoal ao cargo e que será por dever de "serviço público e respeito pela história do PSD" que decidirá ficar ou não na liderança do partido se perder as legislativas.
"Vai depender de muitos fatores. O apego que eu tenho - meu, pessoal - ao lugar, não é nenhum, é a tal vantagem de já ter 60 anos. O meu apego ao lugar deriva da obrigação de serviço público e do respeito que eu tenho à história do PSD e isso pode-me fazer ficar ou não ficar", afirmou.
Na entrevista, Rio admitiu que a tarefa de ser líder do PSD "neste momento histórico" do partido é "particularmente difícil".
Rio não vai fazer regressar 40 horas na função pública
Rui Rio aponta o quadro macroeconómico, apresentado na semana passada pelo PSD, como um exemplo de grande discussão interna, tal como a possibilidade de o programa prever ou não o regresso das 40 horas de trabalho semanais para os funcionários públicos.
"Confesso que, quando debatemos o programa, que está praticamente concluído, perdemos umas horas com essa questão. A conclusão política a que se chegou é que vamos fazer um esforço para pôr cá fora uma solução que não precise à cabeça de voltar a passar das 35 para as 40 horas", afirmou.
Rio lamentou que, atualmente, a maior qualidade de um político seja a "resistência" e explicou que, no dia a dia, não pode questionar os membros da sua Comissão Permanente (o núcleo duro da direção) sempre que é confrontado pela comunicação social.
"Muitas vezes, quando saio de uma reunião sobre saúde e o tema que está a dar é educação e colocam-me a pergunta, eu não posso dizer 'alto, que vou telefonar aos membros da Comissão Permanente'", afirmou.
[notícia atualizada às 6h00 de terça-feira, dia 9 de Julho]