20 jul, 2019 - 14:11 • Susana Madureira Martins
Numa sala quase cheia no pavilhão Carlos Lopes em Lisboa, Mário Centeno sentou-se ao ao meio do ministro do planeamento e de dois dos seus secretários de estado. O que se assistiu foi a um ministro das finanças no papel de moderador para falar num painel sobre "Contas Certas".
Para os socialistas é ele o grande protagonista das contas certas, é ele que acerta o passo. Senão vejamos: Centeno deu a palavra ao ministro do planeamento Nelson de Souza que, no seu modo pausado de falar, ia olhando em permanência para o homem que dirige a pasta das finanças enquanto dizia que "é a vida para além do défice que deve constituir o centro das propostas, será ela que mobiliza, será por ela que os portugueses votarão" no PS.
Nelson de Souza não disse isto sem completar a frase dizendo que o partido aprendeu que "sem contas certas não há vida para além do défice, pelo contrário, com contas certas existirá mais e melhor vida para além do défice". Isto enquanto olhava para o lado, quase como que a pedir autorização sobre o que dizia.
Já antes, no arranque da convenção nacional do PS, que decorre este sábado em Lisboa e que serve para apresentar o programa eleitoral do partido para as eleições legislativas de outubro, o director do gabinete de estudos da federação socialista da capital teve uma espécie de deferência para com o ministro das Finanças.
Marcos Sá falava da necessidade de "reformas e do fortalecimento do Estado para garantia do futuro colectivo das próximas gerações", e depois falou de um "país sustentável ambientalmente" e dirigiu-se ao ministro das finanças que estava sentado na primeira fila e disse a Centeno para "ficar descansado" porque esta área "também tem de ser financeiramente sustentável".
Quanto ao próprio "Mário" - como se lhe referiu o secretário de estado das finanças, Mourinho Félix -, fez questão de puxar várias vezes pelos galões e pelos resultados destes quatro anos de legislatura com críticas ao PSD e ao CDS.
"Agora parece fácil, agora parece que tudo é possível" acrescentando que se assiste "a um leilão de política fiscal, finalmente a política fiscal, que é uma coisa séria, que não é uma coisa que se deva entregar à demagogia e ao eleitoralismo, agora a política fiscal está a leilão, como também está a despesa pública que parece um bem sem fins nem limites".