16 ago, 2019 - 18:46 • João Pedro Barros
Rui Rio vê o Governo no “caminho correto” na greve dos motoristas, após semanas de “circo mediático”, mas lançou uma sugestão caso a anunciada mediação entre o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e a Antram (Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodovários de Mercadorias) falhe: a intervenção de Marcelo Rebelo Sousa.
“Há sempre o recurso ao Presidente da República, que pode ser o árbitro que o Governo não conseguiu ser e agora está a tentar ser”, afirmou o presidente do PSD em conferência de imprensa no Porto, marcada para reagir à crise energética.
Questionado sobre se a prestação de Marcelo Rebelo de Sousa ao longo da crise tem sido adequada, a resposta foi evasiva: “Não vou comentar”.
De resto, sobraram muitas críticas à atuação do Governo socialista, que acusou de procurar criar uma “conjuntura que o pudesse beneficiar eleitoralmente” na legislativas de 6 de outubro, tal como o fez “antes das eleições europeias”, com a crise dos professores.
“O Governo montou um circo mediático e colocou-se de um dos lados da barricada. Dizia que mediava mas ia semeando alarmismo na sociedade. Os ministros iam dando a greve como inevitável, o Governo recomendava com mais de duas semanas de antecedência que os portugueses começassem a atestar depósito. O primeiro-ministro convocou o gabinete de crise no sábado de manhã antes da greve e agitava um sentimento de revolta para com os motoristas”, exemplificou o líder do PSD
Estava assim criado, de acordo com o social-democrata, um clima adequado para “tomar medidas punitivas e para o Governo demonstrar que é forte, mete os grevistas na ordem e salva os portugueses de caos que ele próprio criou na cabeça das pessoas”.
De acordo com Rui Rio, a estratégia do Governo começou a alterar-se na quinta-feira e passou a seguir um rumo adequado e conciliador. “Com o agudizar do conflito e o agravamento da situação, o Governo percebeu que a estratégia que chegou a dar alguns frutos estava a começar falhar. As pessoas perceberam que o Governo não era isento, não mediava e estava de um dos lados”.
Assim, o processo que se iniciou com a desconvocação da greve por parte do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) e que agora avança para a possível suspensão da mesma por parte do SNMMP é aquilo que “o PSD sempre defendeu”. Porém, houve “prejuízos para a economia nacional” e “alarme social”: “É caso para dizer não havia necessidade”, sublinhou.
Rui Rio justificou-se ainda perante as críticas internas à falta de declarações públicas sobre esta crise: “Tínhamos razão no dissemos e no recato que fomos guardando e sentido de estado. O PSD não participou no circo e enquanto eu for líder não vai participar”.