19 set, 2019 - 22:58 • Olímpia Mairos
Alberto João Jardim entrou, esta quinta-feira, na campanha do PSD às eleições regionais da Madeira e galvanizou as várias centenas de militantes e simpatizantes que se juntaram para o último comício do partido, na Praça do Povo, no Funchal.
O antigo presidente do Governo Regional da Madeira subiu ao palco, lado a lado com Miguel Albuquerque, saltou e cantou: “Madeira Livre, olé, nós só queremos Miguel a presidente”.
No discurso, que designou ‘uma conversa com o povo’, ao som de piano e com uma tradutora em língua gestual a acompanhar, Alberto João Jardim dirigiu-se especialmente aos indecisos e aos que “gostam de correr riscos”, para tentar convencê-los a votar em Miguel Albuquerque.
“Há ainda pessoas que se dizem indecisas, que dizem que querem correr riscos, que vão buscar questões internas, ultrapassadas, do PSD. Mas indecisão em relação a quê? O PS declarou a semana passada que estava disposto a trazer os comunistas do PCP, BE e JPP para o ajudarem a governar”, afirmou.
Depois, Alberto João Jardim recuou aos anos de 1974 e 1975 e questionou se não se lembravam do que passaram, “quando havia falta de respeito pelas pessoas, pelos trabalhadores, pelas empresas e pela propriedade de cada um”, para voltar a questionar “fizemos estes 40 anos de luta para entregarmos isto aos comunistas?”.
“Haja juízo! Vamos pensar no futuro! Fizemos uma Madeira em que, hoje, quase toda a população tem em casa produtos de consumo, tem educação, tem saúde, tem formação e cultura, coisas que há 40 anos, na Madeira, só os ricos podiam ter”, realçou.
Alberto João Jardim também não fugiu às questões internas do partido, para afirmar que esta “não é hora de ressentimentos, de egoísmos, é uma hora do ‘um por todos e todos por um’”.
O presidente honorário do PSD Madeira afirmou que participava no comício social-democrata “com coerência, com convicção e com orgulho em todos os que, com ele, fizeram esta Madeira” e teceu críticas ao primeiro-ministro, afirmando que António Costa esteve na Madeira há algumas semanas e não se quis comprometer, por exemplo, “com mais autonomia”, “com a zona franca” ou com a “criação de um sistema fiscal próprio na Madeira”.
“Em nome do que fomos e somos, do que somos capazes de fazer, em nome da verdade, em nome da nossa alma, em nome dos nossos filhos e netos, povo da Madeira, não estraguem isto agora; povo da Madeira, a luta continua”, apelou Jardim.
O presidente honorário do PSD Madeira por diversas vezes foi interrompido e aplaudido pelas centenas de pessoas que hasteavam bandeiras do PSD e da Madeira e entoavam cânticos como “Alberto João, olé” e “Autonomia, olé”.
A Renascença e à Lusa, Alberto João Jardim disse não ter dúvidas da vitória social-democrata, contudo, teme que essa vitória não seja suficiente para assegurar a estabilidade na Madeira.
“A minha incógnita é se dá uma maioria de centro direita, se dá uma geringonça igual a Lisboa. Isto é a incógnita, neste momento”, afirmou.
O presidente honorário do PSD Madeira acredita que “o PS não é o partido mais votado. Aí não tenho praticamente dúvidas. Agora, acho que vão vender a alma ao diabo. Já a venderam em Lisboa, também a vendem aqui”.
Acreditando que o futuro da região está nas mãos dos indecisos, Alberto João Jardim voltou a referir que a sua preocupação “são os indecisos”, “os que gostam de riscos” e “os tipos que, no PSD, estão sempre em discordância interna”.
A mensagem é, por isso, de união e mobilização. “Eu toquei nesse sentido. Vamos lá ver se as tropas obedecem”.
As eleições legislativas regionais da Madeira decorrem no domingo, com 16 partidos e uma coligação a disputar os 47 lugares no parlamento regional.
Nas regionais de 2015, os social-democratas seguraram a maioria absoluta – com que sempre governaram a Madeira - por um deputado, com 24 dos 47 parlamentares.