30 out, 2019 - 17:46 • Agência Lusa
O deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, sustentou esta quarta-feira que o programa do Governo só pode ser cumprido com aumento de impostos e desafiou o primeiro-ministro a afastar essa opção até ao fim da legislatura.
"Está a querer quadrar o círculo. Quem tem saudades de ser comentador é o senhor primeiro-ministro, quer voltar à 'Quadratura do Círculo', porque isto só se quadra de uma de duas maneiras: ou incumpre o programa que hoje aqui apresenta, ou vai aumentar impostos", declarou João Cotrim Figueiredo.
Numa intervenção durante o debate do programa do XXII Governo Constitucional, na Assembleia da República, o deputado da Iniciativa Liberal dirigiu-se ao primeiro-ministro e perguntou-lhe: "Compromete-se aqui que neste Orçamento que vai entrar em breve e no resto da legislatura não vai proceder ao aumento de impostos?".
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"E não se refugie, por favor, nos impostos diretos versus os indiretos, que foi aquilo que andou a fazer na última legislatura", acrescentou.
João Cotrim Figueiredo insistiu que o executivo "ou incumpre o programa, ou aumenta impostos", tendo em conta os custos de medidas como "um aumento de 3% da massa salarial" da Administração Pública, com "admissões de funcionários" e "progressões de carreiras" ao mesmo tempo.
"Isto tudo junto não vai custar menos de mil milhões de euros - numa estimativa minha, porque, mais uma vez, este programa não tem contas", disse.
Por outro lado, questionou como será possível "aumentar enormemente o investimento público", fazer "um significativo aumento da despesa pública corrente" e "manter o objetivo de chegar com a dívida pública a 100% no fim da legislatura", num contexto internacional "que não vai ser certamente melhor" do que o dos últimos quatro anos, que qualificou de "fantástico".
O deputado da Iniciativa Liberal - que se estreou em legislativas conseguindo um eleito pelo círculo de Lisboa - desafiou também o primeiro-ministro a apoiar a proposta de alteração ao Regimento da Assembleia da República que entregou na terça-feira para que os deputados únicos representantes de partidos, como é o seu caso, possam intervir mais no Parlamento.