30 out, 2019 - 07:06 • Susana Madureira Martins , Paula Caeiro Varela
Arranca esta manhã o debate do programa de Governo, que se estende até quinta-feira e ocupa mais de nove horas de discussão parlamentar. António Costa abre e Augusto Santos Silva encerra o debate.
Qual principal expectativa para esta discussão de dois dias?
Há várias. Para já vai ser uma primeira oportunidade para Rui Rio mostrar ao que vem, sendo que ele fala em consensos e reformas estruturais, mas está nesta altura apostado em fazer ver - para dentro do PSD - como é capaz de enfrentar António Costa e como é capaz de fazer esse papel de líder da oposição, que é muitas vezes acusado pelo próprio partido de não fazer.
Rio mostrou na campanha para as eleições legislativas, nomeadamente nos debates, que sabe fazer essa oposição, é reconhecido que lhe correram bem e deverá tentar mostrar agora, aproveitando esta oportunidade, que é capaz de fazer isso também no parlamento, portanto, no fundo vai aproveitar este palco.
Do outro lado, por parte do primeiro-ministro, há a expectativa de perceber como é que vai ser o comportamento em relação a Rui Rio. Costa não tem querido hostilizar Rio, diz até, indo ao encontro do líder do PSD, que a porta está aberta a entendimentos alargados sobre temas de "superior interesse nacional", como foi o da descentralização ou os fundos estruturais". Resta saber no frente a frente com Rio no parlamento como é que vai ser a linguagem, o tom e o comportamento de ambos.
Na discussão à esquerda o que se pode esperar?
Sobretudo perceber como é que vai ser a discussão entre António Costa e Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, tendo em conta os galhardetes que têm sido trocados entre os dois antes e depois das eleições legislativas. O Bloco acusa o PS de ter morto a designada geringonça; Costa, como foi o caso da comissão nacional do PS este domingo, lamenta eventuais arrependimentos à esquerda pela solução da anterior legislatura e avisa o Bloco que amigo não empata amigo se Catarina Martins não quiser continuar o caminho com os socialistas. É curioso que Costa não tem hostilizado o PCP e Jerónimo de Sousa e vai ser na mesmíssima medida muito interessante perceber em que bitola irá Costa colocar os comunistas. Se na mesma do Bloco ou se num patamar diferente.
Para esta legislatura já não se esperam os debates acesos entre Assunção Cristas e António Costa?
Sim, até porque a dramática diminuição da bancada do CDS deverá inibir Assunção Cristas de confrontar o primeiro-ministro. Deverá ser Cecília Meireles a defender a bancada centrista e também aqui será interessante perceber o tom de Costa para com o partido que agora é representado por cinco deputados.
Em relação aos designados pequenos partidos que lugar terão neste debate?
Iniciativa Liberal, Livre e Chega terão cada um ao todo nos dois dias de debate 10 minutos para falar. Veremos também qual é o tom de Costa para cada um deles e a dinâmica até entre os partidos, nomeadamente entre o Livre e o Chega que previsivelmente deverão chocar entre si e provocar-se mutuamente não só neste como noutros debates.
Depois temos o PAN, que já não tem deputado único, são quatro e também em relação ao partido de André Silva será interessante perceber até onde irá o namoro com o governo e o PS, até porque teremos nos próximos meses a entrega, debate e votação do Orçamento do Estado.