31 out, 2019 - 15:38 • Lusa
Os Precários do Estado lamentaram esta quinta-feira a omissão, no Programa do Governo, do programa de regularização de vínculos na Administração Pública e avisaram que não vão deixar que o executivo o trate "como um assunto arrumado na anterior legislatura".
O movimento lembra, em comunicado, que permanecem muitos milhares de trabalhadores a aguardarem pela "devida integração" há mais de dois anos.
"O que sobrou da gestão política e da incapacidade do anterior mandato do Governo de António Costa não é apenas um processo administrativo ao qual faltam alguns passos burocráticos: há decisões por tomar nas Comissões de Avaliação e em vários ministérios, das quais depende a vida de muitas pessoas, em que o Governo, por opção própria, tem a maioria e a responsabilidade", afirmam no comunicado.
"E é ao Governo, antes de mais, que cabe assegurar as garantias de proteção e de correção em todo o processo. Exigiremos o integral cumprimento dos objetivos do programa, com a regularização de todas as situações de precariedade", acrescentam.
De acordo com os Precários do Estado, "ao contrário de sucessivas promessas e do que estava previsto na lei, a anterior legislatura terminou sem que o PREVPAP [Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários na Administração Pública] fosse concluído".
O programa do novo Governo, já discutido no parlamento, "não tem qualquer referência ao PREVPAP", sinalizam.
"Esta omissão é incompreensível e inaceitável. Com milhares de situações ainda por regularizar, o Governo não pode esconder-se e tem de responder pela sua obrigação, comprometendo-se com prazos e em assegurar o cumprimento dos objetivos do programa de regularização", referem.
DECO
A degradação das condições de trabalho é agora o p(...)
Segundo os Precários do Estado, mais de dois anos passados, num programa que devia ter sido concluído em 2018, há ainda muito por decidir e resolver e a maioria das Comissões de Avaliação Bipartida (CAB) não concluíram os seus trabalhos.
"Muitas pessoas aguardam ainda uma decisão ou uma resposta à contestação a decisões, muitas vezes arbitrárias e contraditórias com situações semelhantes. O regime de proteção, que impede o despedimento até estar concluída a avaliação, previsto na lei e essencial num processo com estas características, não está a ser aplicado em muitas situações. Os pareceres positivos que foram revertidos para negativos, com base em critérios nada claros e que não constam da lei, têm de ser reapreciados", enumeram.
Também, acrescentam, "vários grupos profissionais estão ameaçados de uma exclusão, imposta pela vontade maioritária do Governo nas CAB, que é sobretudo política".
Na quarta-feira, no parlamento, o BE considerou que o programa do Governo, apesar dos sinais positivos para "os partidos de esquerda", é marcado "também por alguns vazios importantes", entre os quais o PREVPAP, afirmando que a pergunta da legislatura é se o PS está disposto à negociação.
Entre os vazios, o primeiro destaque de Catarina Martins foi para o trabalho, condenando a ausência de medidas em relação aos "cortes que restam da 'troika', diminuição de horários, eliminação do fator sustentabilidade que penaliza as pensões" ou ainda que não se concretize a "intenção de combater a precariedade" ou a conclusão do PREVPAP.