13 nov, 2019 - 16:04 • Cristina Nascimento Redação com Lusa
O primeiro-ministro, António Costa, convidou o presidente do PSD, Rui Rio, para um debate sobre retenções no ensino básico.
O desafio foi lançado no debate quinzenal, no Parlamento, depois de Rio ter introduzido o tema na segunda vez que se dirigiu à bancada do Governo.
Rio quis saber de Costa se todos os alunos em Portugal até aos 14 anos vão passar de ano “mesmo sem saber”, dizendo “discordar estruturalmente" da "visão” do Governo.
“O aluno chegou ao fim do ano e não sabe. Passa ou não passa? Fazer tudo para que ele saiba está correto, mas se no fim não sabe obviamente não pode passar porque isso é em prejuízo do próprio aluno”, afirmou Rio.
Na primeira resposta, Costa defendeu que “todas as recomendações enfatizam que a taxa de retenção elevada não favorece o sucesso educativo, pelo contrário tende a comprometer o sucesso educativo”.
Coota sugeriu mesmo ao líder do PSD que lesse as várias recomendações de organizações nacionais e internacionais, nomeadamente a do Conselho Nacional de Educação quando este era presidido pelo atual vice-presidente do PSD David Justino.
O líder do PSD considerou não ter ficado suficientemente esclarecido e insistiu na pergunta, ao que Costa reafirmou que “a retenção não favorece a aprendizagem, favorece a multiplicação da retenção”.
O deputado social-democrata declarou, então, que o seu entendimento era contrário ao do PS. “Se um aluno não sabe e continua a passar, aí é que eu desisto do aluno”, argumentou.
“A sua pergunta é uma boa revelação de que a coisa mais perigosa na vida política é quando pensamos politicamente com base no senso comum e não com base na melhor informação”, criticou Costa.
“Aquilo que se prevê é que em cada ciclo haja oportunidade de continuação do estudo, de ter as medidas de acompanhamento pedagógico e de promoção do sucesso educativo e chegar ao fim do ciclo para que ninguém fique precocemente privado da oportunidade de completar o ciclo com a devida aprovação”, afirmou.
O líder do PSD reiterou que a sua visão é “exatamente ao contrário”.
“Se o aluno não sabe e apesar de não saber continua sempre a passar, aí é que eu desisto do aluno, aí é que o deixo ficar entregue à sua sorte”, disse, considerando que esta medida “desrespeita o futuro das crianças”.
“Temos aqui uma visão contrária e olhe que esta é mesmo estruturalmente diferente”, reforçou Rio, na parte mais tensa do primeiro debate quinzenal entre os dois.
“Depois de Vossa Excelência estar devidamente informado, voltamos a falar sobre este assunto”, rematou Costa.