17 nov, 2019 - 15:33
A coordenadora do BE aproveitou, este domingo, uma iniciativa de solidariedade com os trabalhadores da Cervejaria Galiza, no Porto, que está em risco de fechar, para defender a revisão da legislação sobre os PER – Processo Especial de Revitalização.
“Este é um bom momento para rever toda a legislação sobre estes PER que em tantas empresas tem dado uma total desproteção dos trabalhadores”, considerou Catarina Martins, que almoçou na Cervejaria Galiza, desde há quatro anos em dificuldades, com dívidas aos funcionários, ao fisco e à Segurança Social.
A tentativa de resolver o problema passou pelo recurso a um Processo Especial de Revitalização (PER), aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, e pela chegada de um gestor. Para terça-feira está marcada uma reunião no Ministério do Trabalho com a gerência da Cervejaria Galiza.
Os trabalhadores estão em protesto desde ontem, qu(...)
“Estou cá solidária com os trabalhadores da cervejaria Galiza, porque a situação deles é muito complicada”, disse Catarina Martins, lembrando que “os trabalhadores foram confrontados com o facto dos donos da empresa estarem a tentar tirar tudo das instalações, "não lhes pagando os salários que lhes devem”.
Catarina Martins considerou que “os trabalhadores fizeram o que deviam, organizaram-se, chamaram a polícia, não deixaram que lhes levassem as coisas, e estão a trabalhar. Quem aqui vier está a contribuir para estes trabalhadores, para os seus salários, que são devidos, e eu estou aqui também solidariamente com eles”.
A melhor solução para os trabalhadores era manter a cervejaria aberta
Em declarações aos jornalistas, António Ferreira, que ali trabalha há 33 anos, considerou que estas visitas tornam esta “causa” mais visível, lamentando que nem Rui Moreira, nem Rui Rio, “que morou muitos anos a 100 metros da Galiza”, não tenham, até hoje, mostrado a sua solidariedade com os trabalhadores.
Sobre a reunião marcada para terça-feira no Ministério do Trabalho, António Ferreira disse que os trabalhadores acreditam que seja encontrada uma solução.
“A melhor solução para os trabalhadores era manter a cervejaria aberta, se isso não for possível que se feche de uma forma legal e garantindo todos os nossos direitos”, afirmou.
Desde terça-feira que os trabalhadores fazem “uma gestão diária” do estabelecimento. “Começamos do zero. Com o dinheiro que foi entrando e com os stocks que tínhamos realizamos capital e conseguimos distribuir 200 euros a todos os trabalhadores, sem qualquer descriminação de categoria, ou seja, desde a empregada de limpeza ao chefe, todos receberam 200 euros”, disse.
“Trabalho aqui há 33 anos, nos últimos anos percebemos que o futuro poderia não ser muito bom, mas acreditamos sempre que poderia ter um final feliz, até porque foram surgindo vários investidores interessados”, acrescentou.
Desde segunda-feira que os 31 trabalhadores se mantêm dia e noite, de forma alternada, nas instalações, depois de na segunda-feira se terem apercebido da tentativa da retirada do equipamento pela proprietária da cervejaria.
“Vamos manter esta situação, independentemente do que acontecer, até porque está previsto o corte de luz, água e gás. Não sabemos quando mas sabemos que a empresa cancelou os contratos”, afirmou António Ferreira.
No dia 09 deste mês, os trabalhadores da cervejaria cumpriram um dia de greve em protesto contra os atrasos nos pagamentos das remunerações.
Fundada a 29 de julho de 1972, a cervejaria detida pela empresa Atividades Hoteleiras da Galiza Portuense é uma das referências do Porto no setor da restauração.