23 nov, 2019 - 23:26 • Lusa
O candidato à liderança do PSD Luís Montenegro disse, este sábado, que parece que é mais difícil pagar quotas no PSD do que abrir uma conta no banco e apelou ao bom senso e à agilização dos procedimentos.
"Tenho sido confrontado com muitas queixas de militantes que têm dificuldades em regularizar a sua situação. Há pessoas que me dizem - e se calhar é mesmo verdade - que é mais difícil pagar as quotas do PSD do que abrir uma conta bancária, tal é o nível de exigência que é feito", afirmou.
Luís Montenegro falava no Fundão, distrito de Castelo Branco, à margem do II congresso da Coesão Territorial, iniciativa organizada pela Juventude Social Democrata (JSD) e que também contou com a participação dos candidatos Rui Rio e Miguel Pinto Luz.
Durante a intervenção, Luís Montenegro, que foi o último a usar da palavra, transmitiu a ideia de que é preciso implementar "maior cultura democrática dentro de casa", que é preciso facilitar a participação dos militantes.
Questionado pelos jornalistas se essa referência tinha a ver com o pagamento de quotas, Luís Montenegro salientou que tem recebido muitas queixas relativas aos procedimentos e os pedidos de documentação em excesso.
"O PSD tem de confiar nos seus militantes. Não faz sentido andar a pedir fatura de telefone para saber se os telefones correspondem aos próprios", disso.
O candidato ressalvou que, se há problemas eles devem ser resolvidos, mas salientou que é preciso "agilizar" e ter bom senso porque o "PSD será mais forte, quanto mais pessoas tiver".
Ao longo da intervenção também já tinha vincado que o partido tem de saber aceitar a divergência interna.
"Eu não aceito um partido onde uma liderança pede àqueles que pensam de forma diferente para abandonar o partido", afirmou.
Luís Montenegro sublinhou que não tem nada contra o atual líder do PSD, mas não poupou críticas à "estratégia suicida" que foi seguida por Rui Rio, nomeadamente com a "permanente disponibilidade para entendimentos com o PS".
"O PSD não pode ser um partido subalterno do PS, sobretudo de um PS que está amarrado, acorrentado ao PCP e ao BE", afirmou.
O social-democrata lembrou que alertou para os maus resultados que tal iria produzir e, que por isso mesmo, sente "obrigação política e moral" de se candidatar e para fazer "o contrário do que foi feito" e para "dar vida própria ao PSD".
Frisou que a situação do partido "é grave" porque não é maioria nem no poder local, nem no Parlamento, nem no Parlamento Europeu e assumiu que é preciso "reinventar o partido".
Garantiu ainda que com ele, e enquanto o PSD for oposição, o partido seguirá uma estratégia diferente: "É uma oposição que não é troglodita. É uma oposição que não é pífia, é uma oposição firme. É uma oposição séria. É uma oposição forte porque se quer transformar em alternativa", disse.
Já no período de perguntas e respostas Luís Montenegro foi criticado pela atitude que tomou em janeiro e que a liderança de Rui Rio apelidou de "Golpe de Estado", mas Luís Montenegro desvalorizou a crítica, lembrou que convive bem com outras opiniões.
Sublinhou que não aceita nenhuma acusação de falta de ética e, ao dirigir-se diretamente ao militante, também deixou de desejar que este estivesse a ser igualmente ético quando disse que não tinha sentido de voto previamente definido.
A situação não tirou a confiança a Luís Montenegro. À saída o candidato mostrou-se convicto de que irá ganhar "à primeira volta" as eleições marcadas para dia 11 de janeiro de 2020.