15 dez, 2019 - 00:00 • Lusa
O líder comunista afirmou este sábado que o voto do partido no Orçamento de Estado para 2020 será em "conformidade com as respostas que o Governo" der, assegurando que não votará a favor do que "for negativo" para os trabalhadores.
"Neste momento não fazemos juízos de valor precipitados, não podemos dizer que votamos contra ou abstenção num documento que não existe, que não conhecemos. Mas quando o conhecermos, estarão de acordo, camaradas, que nós decidamos o nosso posicionamento de voto em conformidade com as respostas que o Governo der na sua proposta de orçamento", defendeu Jerónimo de Sousa.
Em Braga, a discursar no jantar de Natal do PCP, o 15º consecutivo, Jerónimo de Sousa considerou "inaceitável, um escândalo e um insulto" a proposta de aumentos de 0,3% para os trabalhadores da função pública, que lembrou estarem "há dez anos" sem aumentos.
O secretário-geral do PCP referiu ainda ser "uma situação equívoca" o diferendo que parece opor o primeiro-ministro, António Costa, ao líder do Eurogrupo, e também ministro das Finanças, Mário Centeno.
"Eu não sei se há um problema entre António Costa e Centeno, mas o que isto demonstra é que não basta ser português para ir para a União Europeia para defender os interesses de Portugal. É uma situação equívoco de aparecer Costa a defender o interesse nacional e Centeno a defender os interesses da União Europeia. Temos que fazer escolhas", disse.
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Jerónimo de Sousa afirmou que o PCP "não põe de lado" entendimentos mas deixou garantias: "Ninguém amarra o PCP de compromissos que vão contra os interesses daqueles com quem fizemos um pacto fundamental, os trabalhares e o povo", salientou.
Por isso, garantiu, o voto do PCP no Orçamento de Estado, aprovado esta noite em Conselho de Ministros, depende de condições: "Tudo o que for negativo para os trabalhadores e o povo terá o nosso voto contra, aquilo que defender os interesses dos trabalhadores e do povo terá o nosso voto a favor", referiu.
O comunista falou ainda da proposta de aumento de salários para a Função Pública, considerando "inaceitável" os valores divulgados de 0,3%, depois de dez anos sem aumentos.
"É inaceitável, é um escândalo, é um insulto aos trabalhadores da administração pública, tal como mesmo em relação ao setor privado em que o Governo parece disposto em fazer uns favores fiscais ao patronato para depois ceder uns trocos aos trabalhadores do setor privado", afirmou.
O mesmo disse sobre os aumentos de salários e pensões, lembrando que o "PCP foi o partido que na Assembleia da República avançou com o aumento extraordinário de 10 euros ao longo destes três anos", assegurando novamente que perante as propostas do executivo os comunistas irão apresentar "mais um aumento extraordinário para dar dignidade às reformas e às pensões".
O discurso de Jerónimo de Sousa foi ainda pautado pela análise aos resultados eleitorais das últimas eleições legislativas, nas quais o PCP perdeu o deputado eleito por Braga, Carla Cruz, a quem Jerónimo de Sousa deu "nota 20".