13 jan, 2020 - 15:48 • Cristina Nascimento
Joacine Katar Moreira, a única deputada eleita pelo Livre, é o principal alvo de uma das moções que serão votadas no congresso do partido, a realizar-se nos dias 18 e 19 de janeiro.
O texto da quinta moção, intitulada "Recuperar o LIVRE, resgatar a política", pretende afastar Joacine Katar Moreira das suas funções de deputada e, caso ela não o faça, que lhe seja retirada a confiança política.
A notícia é avançada pelo jornal online Observador. No texto da moção, disponível no site do partido, os autores do texto escrevem que “as causas defendidas pelo LIVRE parecem não conseguir sobrepor-se ao ruído constante provocado pelos ‘faits divers’ mais estapafúrdios; em que o coletivo parece soçobrar numa desmedida exposição mediática do indivíduo; em que o partido se arrisca a ver a sua própria sobrevivência posta em causa”.
“Assim sendo, no caso de a deputada não se dispuser a renunciar às suas funções, o LIVRE não tem outra alternativa a não ser retirar-lhe a confiança política”, remata o documento assinado por cinco elementos do partido.
Joacine Katar Moreira foi eleita a 6 de outubro de 2019, depois do Livre ter arrecadado pouco mais de 1% dos votos dos eleitores. Desde o início do seu mandato no Parlamento, a deputada viu-se envolvida em várias polémicas, sendo a mais recente relacionada com o sentido de voto sobre o Orçamento do Estado para 2020.
No texto da moção, os signatários escrevem que a eleição de uma deputada encheu os apoiantes do partido “de entusiasmo e esperança, pois existiam agora as condições para que os valores defendidos pelo partido passassem a ser conhecidos por mais e mais pessoas”. “Todavia, não foi assim que as coisas se passaram. É verdade que o LIVRE começou a ser mais conhecido dos portugueses, mas não pelas razões que pretendíamos. O LIVRE ficou conhecido, é hoje conhecido, devido às peripécias, atribulações e polémicas internas em que se viu envolvido”, acrescenta o texto.
A moção critica ainda a atuação da deputada do
ponto de vista político, referindo que “a situação é não apenas preocupante como
confrangedora: apenas duas iniciativas foram apresentadas pela deputada
(Projeto de Lei 126/XIV e Projeto de Resolução 64/XIV), sendo a primeira, o
projeto de lei de alteração à lei da Nacionalidade, de particular relevância
para o partido, foi apresentada fora do prazo. Mesmo tendo em conta que o
trabalho parlamentar se estende para além do hemiciclo, é manifestamente pouco...”
O congresso do Livre vai realizar-se em Lisboa, no Centro Cívico Edmundo Pedro. No site do partido estão disponíveis os textos de 18 moções que vão a votos. Este será o nono congresso da história do partido e elegerá os órgãos nacionais do Livre para o biénio 2020/ 2022.