15 jan, 2020 - 14:30 • Manuela Pires
O ministro das Finanças, Mário Centeno, diz que luta todos os dias contra “o sentimento de algum cansaço de cumprir, porque dá a ideia de que finalmente como cumprimos isto torna-se uma coisa maçadora”.
As palavras, em jeito de desabafo, foram deixadas por Mário Centeno no final da intervenção que fez esta quarta-feira, na sessão de abertura da 15ª Conferência anual da Ordem dos Economistas.
Em plena discussão na especialidade na Assembleia da República da proposta de Orçamento do Estado para 2020, o ministro das Finanças explicou que este orçamento foi feito a pensar nas gerações futuras, ao prever excedente orçamental, e que só é possível estar assim desenhado devido “à actual situação da economia e do sector financeiro em Portugal”.
O ministro das Finanças garantiu que não há muitos momentos como este nas economias e só assim foi possível “aumentar a despesa primária, reduzindo o esforço fiscal e reduzindo o pagamento dos juros”.
Perante uma plateia de economistas, a maioria a trabalhar no sector privado, o ministro falou no “sucesso estrondoso do sector privado” porque “o que move a criação de riqueza em Portugal é o sector privado, uma vez que o consumo público já está a crescer menos que o PIB” referiu Mário Centeno. Mas há mais elogios ao actual estado da economia, diz o ministro, salientando que pela primeira vez o crescimento potencial está acima da média da área dos países da zona euro e que o crescimento é sustentado nas exportações e no investimento.
Sobre os impostos, Mário Centeno adiantou “não é honesto dizer que houve um aumento de impostos” e que quando se debate a carga fiscal há que distinguir entre impostos e contribuições sociais, e estas têm aumentado em função do aumento "absolutamente extraordinário" de emprego e dos salários nos últimos anos.
Segundo o ministro, há ainda outros factores positivos que permitiram desenhar este Orçamento do Estado e que têm a ver com os juros da dívida que estão em mínimos históricos: "Portugal lidera o esmagamento dos diferenciais das taxas de juro com os nossos parceiros europeus e isto não é por causa do BCE."
Mário Centeno explica que isto se deve “ á política orçamental e á credibilidade que temos por cumprir desde 2016 o saldo orçamental que nos propusemos atingir”.