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Cristas reconhece que falhou, mas deixa análise para mais tarde

25 jan, 2020 - 11:53 • Eunice Lourenço , Paula Caeiro Varela

Líder do CDS despediu-se do CDS “triste, mas tranquila” e pediu um congresso “profundo, sério e leal”.

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“Cumpri o caminho traçado e a estratégia proposta, mas cumpre-se hoje reconhecer uma evidência: falhei o resultado. Falhei porventura a análise das possibilidades que se abriam com as novas circunstâncias políticas e os resultados ficaram muito aquém das minhas e das vossas expectativas” – foi, assim, que, na abertura do 28º congresso do CDS, Assunção cristas assumiu a derrota e o falhanço da estratégia que levou a cabo.

A líder cessante do CDS, contudo, deixa a sua própria análise sobre as razões do pior resultado de sempre do CDS para mais tarde. “Ouvi atentamente muitas análises e, naturalmente, tenho a minha própria. Mas este não é nem o momento nem o dia apropriado para dissecar os erros desse roteiro”, disse Cristas no discurso de abertura do congresso. “O tempo encarregar-se-á dessa análise detalhada”, remeteu.

Antes, Assunção Cristas fez questão de lembrar que não esteve sozinha e que a sua estratégia foi aprovada em dois congressos. “Tinha para mim que era preciso construir um caminho próprio e que o nosso posicionamento era de oposição responsável e construtiva, de oposição intensa e permanente quer na substância quer no estilo”, afirmou, lembrando: “Este caminho foi sufragado em Gondomar e depois em Lamego, entretanto já com eleições decorridas – as regionais dos Açores e as autárquicas – onde tínhamos provado acima de muitas expectativas.”

Cristas, que optou por um discurso escrito, lido sempre no mesmo tom, fez questão de lembrar como a sua estratégia parecia certa. “Do modo como olhámos para as coisas, o nosso sistema aparentava uma mudança profunda que poderia dar oportunidades novas de afirmação do CDS. Acreditámos que o famoso ‘voto útil’ historicamente tão penalizador do CDS, poderia ter ficado no passado, provada que estava para o centro e a direita a inutilidade de ganhar eleições sem uma maioria ou, visto o inverso, a possibilidade de ganhar o governo construindo uma maioria a partir de um voto mais livre que somasse metade dos mandatos parlamentares mais um”, disse a presidente do CDS que tantas vezes, nos últimos quatro anos, se afirmou como líder da oposição.

Assunção Cristas lembrou também como, com ela, o CDS foi “uma oposição combativa, tantas vezes isolada”, que teve propostas para promover a natalidade e ajudar as famílias e se bateu contra a eutanásia e as barrigas de aluguer. Mas, concluiu, isso “não bastou”. “Uns dirão que a estratégia estava errada, outros que cometeram erros táticos ou de comunicação ou que falhámos na avaliação das circunstâncias”, acrescentou, sem contudo revelar qual é a sua própria análise.

“Triste, mas tranquila”

Depois de agradecer às várias estruturas do partido e aos militantes, Assunção começou a despedir-se, num tom em que até parecia que se estava a despedir da militância, o que, confirmou a Renascença, não vai acontecer. Cristas mantém-se como militante do CDS e como vereadora na Câmara de Lisboa.

“Saio triste pelo resultado, mas tranquila por saber que dei tudo o que podia por aquilo em que acredito”, afirmou perante um congresso que demorou a compor-se, assim como demorou a dar pela entrada da líder na sala e dar-lhe alguns aplausos.

Antes de sair, Cristas ainda pediu que “o debate deste congresso seja profundo, sério, leal e a olhar para o futuro” e que o debate seja assente nas ideias e nas pessoas “porque em política não há boas ideias sem boas pessoas para as defender e o inverso também é verdade”.

“Desejo a todos um congresso extraordinário que seja clarificador e que possa abrir um futuro luminoso para o CDS”, concluiu Assunção Cristas, que saiu do congresso depois do seu discurso.


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