04 fev, 2020 - 19:04 • Redação
Abel Matos Santos demitiu-se da comissão executiva do CDS após uma polémica com a comunidade judaica, apurou a Renascença.
O fundador da tendência interna Esperança em Movimento (TEM) foi notícia nas últimas semanas, depois de terem sido recuperadas declarações em que chamou "agiota de judeus" ao diplomata Aristides de Sousa Mendes, elogiou a PIDE e Salazar.
A direção do CDS, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, manteve a confiança política em Abel Matos Santos, num comunicado em que falava em "equívocos e mal-entendidos do passado", que foram agora recuperados "apenas com o firme propósito de prejudicar todo o CDS”.
Apesar do voto público de confiança, Abel Matos Santos apresentou a sua demissão da comissão executiva do CDS.
Congresso CDS
Crítico de Assunção Cristas, Abel Matos Santos def(...)
Abel Matos Santos foi candidato à liderança do partido, no congresso de janeiro, em Aveiro, mas acabou por desistir a favor de Francisco Rodrigues dos Santos.
O psicólogo-clínico integrou as listas apresentadas pelo atual líder, tendo sido eleito em congresso vogal da comissão executiva.
Matos Santos reagiu à polémica. Sem negar a autoria das frases, afirmou ao semanário "Expresso" que "expurgar frases desses textos e descontextualizá-las não é um exercício sério".
O ex-vice-presidente do CDS e ex-ministro António Pires de Lima exigiu ao novo líder do partido que "retire a confiança política" a Abel Matos Santos, dada a "gravidade das declarações" que fez sobre Salazar e Aristides Sousa Mendes.
Ao começo da noite, a Comissão Executiva do CDS divulgou um comunicado onde explica, a propósito da demissão de Matos Santos, que o partido é "fronteira de todos os extremismos, farol dos valores da democracia cristã, do humanismo personalista e do primado da dignidade da pessoa humana".
"Estes valores foram reafirmados na moção vencedora do 28.º Congresso, servem de guia e de limite à nossa ação política, e a todos vinculam", acrescenta.
O CDS afirma também que, renunciando Abel Matos Santos ao cargo de vogal que ocupava, "as suas afirmações passadas não podem suscitar dúvidas sobre a tradição política em que o CDS, inquestionavelmente, se insere".