04 fev, 2020 - 23:55 • Lusa
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, considera que o debate em torno da eutanásia "está altamente enviesado", mostrando-se disponível para participar numa discussão ampla com a sociedade civil.
"A verdade é que está marcado para dia 20, no parlamento, a discussão sobre a eutanásia, e o CDS nesta matéria sempre foi absolutamente cristalino e claro, não apresenta dúvidas rigorosamente nenhumas. Nós somos um partido que acredita no valor da vida, que é absoluto, e, nos termos da nossa Constituição, é inviolável", afirmou o líder centrista.
O presidente do CDS-PP esteve esta terça-feira reunido com o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, em Lisboa. No final, Francisco Rodrigues dos Santos disse que reunião teve como objetivo a nova direção do partido apresentar cumprimentos, mas a eutanásia foi um dos temas abordados.
"A eutanásia não acaba com o sofrimento, ela termina com a própria vida. Nós acreditamos que este debate está altamente enviesado e que devia começar, em primeiro lugar, com um Estado cuidador, que olha para os mais débeis, mais isolados da nossa sociedade, os dependentes, e lhes devolve um olhar humanista e profundamente solidário", defendeu, em declarações aos jornalistas.
O democrata-cristão adiantou igualmente que é objetivo do partido "continuar o combate, fazer uma defesa de valores e de princípios que coloca a centralidade da vida humana enquanto primeiro pilar de toda e qualquer sociedade", alegando que "a partir do momento em que esse valor, esse direito está ameaçado, todos os outros estão a descoberto para agressões por via do próprio Estado".
"O CDS está sempre preparado para um amplo debate, em primeiro lugar com a sociedade civil e com todas as forças vivas do nosso país e, por outro lado, para conseguir ser um veículo para transportar para o parlamento a voz dos portugueses que acreditam que a morte não é solução para a vida", vincou.
Advogando que grande parte dos portugueses não tem acesso aos cuidados e apoios necessários, o líder centrista defendeu que é necessário "um Estado que seja cuidador, que ofereça todos os apoios necessários para tratar a doença, para oferecer conforto a quem sofre, e possa ter uma mão amiga no tratamento de situações verdadeiramente preocupantes".
"Não acreditamos num sistema de rampa deslizante, de descarte, onde o Estado desiste das pessoas, mas, sim, na dignidade da vida e em apoios que são profundamente necessários no atual contexto social em Portugal", salientou.
Francisco Rodrigues dos Santos apontou ainda que o CDS "é um partido que sempre se afirmou pela vida, desde a conceção até à morte natural” defendendo ser “fundamental que o Estado possa olhar para cada português e colocar à sua disposição todos os meios necessários para ultrapassar uma situação de dificuldade em que se encontra", a começar por uma rede de cuidados paliativos e assistência ao domicílio.
Sobre a reunião com o cardeal patriarca, o presidente centrista notou que transmitiu a D. Manuel Clemente "que esta direção quer representar uma nova energia, uma lufada de ar fresco na política e uma renovação de valores que são muito importantes para um partido de direita democrata-cristã, como é o caso do CDS".