08 fev, 2020 - 18:11 • Paula Caeiro Varela , Eunice Lourenço
Foi um discurso quase tão apupado quanto aplaudido. Luís Montenegro, o candidato derrotado nas eleições diretas de Janeiro, subiu ao palco do Centro Cultural de Viana do Castelo para fazer um discurso em que tentou estabelecer as linhas vermelhas dentro do partido e na relação do PSD com o PS.
“Se a geringonça ruir, o PSD não vai ser a tábua de salvação de António Costa”, disse o antigo líder parlamentar, acrescentando que o primeiro-ministro “não tem autoridade moral nem ética” para pedir isso ao PSD e o partido “não tem disponibilidade programática nem ética” para dar a mão aos socialistas.
Luís Montenegro baseou, sobretudo, a sua oposição a Rui Rio na exigência de uma oposição mais acutilante ao Governo socialista. Montenegro tinha começado o seu discurso a discorrer sobre a situação do país, nomeadamente na saúde e nos transportes. “Portugal precisa de uma oposição forte porque temos um país estagnado”, afirmou.
Depois de estabelecer o que deve ser o limite da relação entre o PSD e o Governo, Montenegro virou-se para dentro. Lembrou que, na noite eleitoral da segunda volta das eleições diretas, disse que o PSD precisa de paz e união. Mas deu a entender que isso não está a ser proporcionado pela direção vencedora.
“Todos devemos exigir de nós próprios aquilo que exigimos aos outros”, afirmou, motivando assobios na sala, onde alguns congressistas já tinham manifestado alguma impaciência com a sua intervenção. “Chega”, ouviu-se algumas vezes no Centro Cultural. E o próprio presidente da mesa do Congresso, Paulo Mota Pinto, avisou por várias vezes Montenegro que já tinha esgotado o seu tempo.
“O partido precisa de refrescar o seu ambiente”, continuou o ex-lider parlamentar do tempo de Passos Coelho, apontando a existência de “fanatismo” no PSD. “O partido precisa se respirar mais liberdade”, continuou Montenegro que fez questão de terminar a citar Sá Carneiro: “O que não posso porque tenho esse direito é calar sob que pretexto for.”