27 fev, 2020 - 14:12 • Manuela Pires , Marta Grosso com Lusa
O primeiro-ministro reitera que não há "plano B" ao aeroporto no Montijo e avisa que "recomeçar do zero" terá "custos muito grandes para a economia do país". Nesta quinta-feira, António Costa afirmou-se "perplexo" com a posição do PSD.
"Toda a gente sabe que a cada dia a obra é cada vez mais urgente. Como eu sempre disse, não há plano B ao Montijo”, começou por afirmar.
“O plano B é recuar sete anos e recomeçar do zero agora com a hipótese de Alcochete. Isso terá custos muito grandes para a economia do país e, portanto, eu acho que todos devem agir com responsabilidade”, acrescentou aos jornalistas à entrada do Conselho de Ministros descentralizado, que decorre em Bragança.
António Costa lembrou depois que, em vez de reabrir o debate sobre a solução ideal, o Partido Socialista optou por aceitar "com toda a humildade" dar seguimento às decisões que, entretanto, tinham sido tomadas pelo Governo do PSD/CDS-PP de Passos Coelho.
"Porque nós não podemos chegar ao Governo e achar que vamos começar tudo do princípio. O país não começa quando nós chegamos ao Governo”, sustentou. “O país é um contínuo e nós temos de respeitar as decisões legítimas ainda que não concordemos com elas", reforçou, apelando à responsabilidade de todos para que esta obra, "de grande importância para o país", não seja novamente adiada.
Também nesta quinta-feira, o secretário-geral adjunto do PS acusou o PSD de bipolaridade tática e de vertigem populista.
Em conferência de imprensa, de manhã, na sede do Partido Socialista, José Luís Carneiro lançou por várias vezes o desafio para que o presidente social-democrata defina, de uma vez por todas, a sua posição: “mantém a posição do Governo PSD/CDS que optava pela solução do Montijo ou o PSD está a ceder a uma vertigem populista ou vai demonstrar a sua cultura de responsabilidade de sempre?”
José Luís Carneiro garantiu que agora é tempo “para dialogar com os municípios e com todos os partidos com representação parlamentar”, mas apontou todas as críticas ao PSD, que na quarta-feira anunciou o chumbo das alterações à lei que permite a qualquer uma das autarquias afetadas pela construção do aeroporto do Montijo vetar o avanço do projeto.
"Não deve ser o presidente da Câmara Municipal da (...)
O secretário-geral adjunto dos socialistas voltou, pois, a pedir “especiais responsabilidades ao PSD” e mostrou, durante a conferência de imprensa, cartazes onde o partido defende a construção do aeroporto no Montijo.
“Como é que o PSD terá moral para exigir no futuro mais crescimento da economia quando 95% dos fluxos turísticos vêm pelo aeroporto?”, questionou.
Mas e se as autarquias mantiverem a sua posição e os partidos que estão contra o aeroporto no Montijo também? José Luís Carneiro responde apenas que há vários contactos em curso com os municípios e insistiu na crítica aos sociais-democratas: "um vice-presidente do PSD [David Justino] disse que esta lei é uma lei estúpida. Se é estúpida, há que fazer esforços para que, em sede parlamentar, as leis deixem de ser estúpidas", reagiu.
Em Bragança, António Costa também comentou a posição do PSD sobre a alteração à lei, recordando que “foram feitos os estudos que demonstravam a viabilidade ambiental da solução Montijo, foram ouvidos todos os partidos sobre essa matéria, houve alguns, como o PCP, que sempre disseram que era contra a localização do Montijo e defendiam Alcochete. O caso do PSD foi diferente".
Num primeiro momento, o PSD afirmou que o Governo andou a "perder tempo ao não executar imediatamente uma decisão que tinha sido tomada pelo governo" da sua cor política, disse ainda.
"Ainda hoje está na lá no Montijo um cartaz a dizer `Montijo já´ e, portanto, fico bastante perplexo para perceber se o PSD muda de posição ou qual é a posição do PSD”, terminou.