02 jun, 2020 - 23:00 • Lusa
O Presidente da República afirmou, esta terça-feira, que a cerimónia do 10 de Junho em Lisboa, onde só haverá oito presenças, será como no seu entender deveria ter sido o 25 de Abril e o 1.º de Maio.
"Relativamente ao 10 de Junho, é como eu achei que devia ser o 25 de Abril, como eu achei que devia ser o 1.º de Maio. E como é organizado pelo Presidente da República, deve ser assim", declarou Marcelo Rebelo de Sousa à comunicação social, no Campo Pequeno, em Lisboa.
Interrogado se estava a criticar a Assembleia da República, o chefe de Estado respondeu: "Não, o parlamento esteve muito bem no 25 de Abril". Confrontado com a diferença em termos de números de pessoas, referiu que a sessão solene no parlamento "teve menos de cem, apesar de tudo".
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas antes de assistir ao espetáculo "Deixem o Pimba em Paz", tinha sido questionado sobre o motivo para a cerimónia do Dia de Portugal ter tão poucas pessoas, quando espetáculos como este juntam muitas mais.
Na resposta, o Presidente da República argumentou que a cerimónia do 10 de Junho "ou era assim, pequena, simbólica, ou passava para 500, 600, 700 pessoas, num espaço muito pequeno que é o claustro dos Jerónimos".
"A alternativa era haver Forças Armadas, centenas de militares, a prestar honras militares, a terem desfile e passagem de revista. Depois, de acordo com o protocolo, centenas de personalidades: embaixadores, altas individualidades", referiu, concluindo: "Foi uma escolha que foi feita".
Em resposta a uma questão colocada pela agência Lusa, a Presidência da República informou hoje que a "cerimónia simbólica" comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que se realizará no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, terá apenas oito presenças.
Além do chefe de Estado e do presidente da comissão organizadora destas comemorações do 10 de Junho, o cardeal Tolentino Mendonça, que irão discursar, haverá seis convidados, que correspondem aos primeiros cinco lugares de altas entidades públicas na lista de precedências do Protocolo do Estado.
Esta lista é encabeçada pelo chefe de Estado, seguindo-se o presidente da Assembleia da República, em segundo lugar, o primeiro-ministro, em terceiro, os presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal Constitucional, ambos no quarto lugar, e do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal de Contas, os dois no quinto lugar.
O 10 de Junho será a primeira data nacional com comemorações da responsabilidade do Presidente da República nesta fase de pandemia de covid-19, depois do 25 de Abril, assinalado na Assembleia da República, e do Dia do Trabalhador, com organização sindical.
Na sequência da polémica em torno das celebrações do 1.º de Maio pela CGTP-IN, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que esperava "uma comemoração simbólica" e "mais restrita, mais limitada".
No final de março, o chefe de Estado comunicou por carta ao presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro e às autoridades da Madeira a decisão de cancelar as comemorações na Madeira e na África do Sul devido à pandemia de covid-19.
Mais tarde, anunciou que o 10 de Junho seria assinalado com uma "cerimónia simbólica" junto ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Em 2016, ano em que tomou posse como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa lançou um modelo inédito, acertado com o primeiro-ministro, António Costa, em que as celebrações do Dia de Portugal começam em território nacional e se estendem a um país estrangeiro com comunidades emigrantes portuguesas.
Nesse ano, a data foi celebrada entre Lisboa e Paris. Em 2017 as comemorações foram no Porto e nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro e São Paulo, em 2018 dividiram-se entre Ponta Delgada, nos Açores, e as cidades de Boston, Providence e New Bedford, na Costa Leste dos Estados Unidos da América, e em 2019 decorreram em Portalegre e Cabo Verde.