15 ago, 2020 - 16:50 • Redação
O PSD anunciou esta sábado que vai vai chamar a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, "com caráter de urgência", à Assembleia da República. Em causa, segundo um comunicado enviado pelos social-democratas às redações, está a necessidade de Ana Mendes Godinho "explicar o sucedido no Lar de Reguengos de Monsaraz", que levou à morte de 18 idosos por alegada falta de cuidados médicos adequados.
"Na sequência do requerimento do PSD, que será entregue já na segunda-feira, está também a entrevista [ao Expresso] da ministra publicada este sábado, onde a governante desvaloriza a situação dos lares e a sua fiscalização", acrescenta o PSD.
Na entrevista, Ana Mendes Godinho defende que o impacto da pandemia nos lares foi relativo. “Se nos compararmos com outros países da Europa, 38,8% das mortes ocorridas em Portugal são de pessoas que estavam em lares; em França, a taxa de incidência é de 50%, na Bélgica de 51%, em Espanha de 60%”, aponta.
“Em abril, tínhamos 365 surtos em lares e hoje [quinta-feira] temos 69 ativos, o que significa que houve uma grande capacidade de acompanhamento”, sublinha ainda Ana Mendes Godinho, para quem, “claramente, temos menos incidência”. “Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afetadas pela doença. A dimensão dos surtos não é demasiado grande em termos de proporção. Mas, claro, isto não significa que não devamos estar preocupados”, conclui.
A governante admite igualmente não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o surto de Covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz.
Por considerar que "a ministra se está a demitir das suas funções", o PSD anunciou que irá chamar também ao Parlamento a ministra da Saúde, Marta Temido, "para saber qual o plano do Governo para prevenir e combater, de forma articulada, os focos de contágio relacionados com a Covid-19".
Ouvido pela Renascença, o deputado Ricardo Baptista Leite, do PSD, defende que "este não é o momento para jogos partidários". Não pede, por isso, a demissão de Ana Mendes Godinho. Mas deixa a decisão nas mãos de António Costa.
"Nós devemos estar focados em encontrar soluções. Se o primeiro-ministro entende que a senhora ministra tem condições, isso é com o primeiro-ministro. Neste momento, o PSD está preocupado em encontrar as soluções. E queremos ouvir da ministra o que é que vai fazer, porque até agora ainda ninguém percebeu o que é que o Ministério está a fazer para evitar situações destas voltem a acontecer", explicou.
Baptista Leite exige também entendimento entre Ministérios, nomeadamente o da Segurança Social e o da Saúde. "De uma vez por todas, parem de empurrar responsabilidades uns para os outros. Sentem-se, se o primeiro-ministro tiver que intervir que intervenha, para que se resolvam os problemas e situações como esta não voltem a ocorrer. Não podem morrer pessoas por falta de preparação e falta de trabalho do Governo", conclui.
O presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, também já reagiu à polémica envolvendo a ministra e considera, à Renascença, que Ana Mendes Godinho não tem condições para se manter no cargo.