24 ago, 2020 - 18:22 • Redação
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O “Expresso” admite que errou ao enviar para duas televisões um vídeo com uma conversa privada entre o primeiro-ministro e jornalistas, à margem de uma entrevista àquele jornal.
Num esclarecimento aos leitores divulgado esta segunda-feira, o semanário explica que depois da entrevista foram recolhidos planos de corte para a edição vídeo mas, por lapso, o microfone da câmara ficou ligado captando a conversa “off the record” que causou a indignação da Ordem dos Médicos.
As imagens com as declarações “em off” de António Costa foram enviadas para duas televisões na tarde de sexta-feira, um “erro” que o Expresso “assume por inteiro”.
Assim que se apercebeu da situação, o jornal pediu às televisões que não utilizassem a parte da conversa privada e que apagassem o ficheiro do arquivo.
As declarações não foram utilizadas nas peças transmitidas na TV, mas acabaram por surgir nas redes sociais.
“No sábado à noite, o “Expresso” recebeu via WhatsApp um vídeo com os mesmos sete segundos, mas que não é o original do Expresso. Em concreto, houve edição de som, aumentando-o de forma a que fosse perfeitamente audível; e foi gravado de um monitor, o que facilmente pode ser comprovado na sua visualização, por comparação com a qualidade de imagem do vídeo original. Alguém gravou o vídeo com um telemóvel ou outro dispositivo, fazendo-o correr primeiro via Whatsapp, depois junto de outras redes sociais”, refere o jornal, em comunicado.
O Expresso já pediu ao Facebook, Twitter e YouTube que eliminem este conteúdo, por violação dos direitos de autor e vai continuar o apuramento de responsabilidades internas.
O jornal ressalva que se tratou de “uma conversa confidencial entre uma fonte e os jornalistas, que são parte integrante do trabalho dos órgãos de comunicação social. A preservação destas regras é crucial quer para a manutenção da confiança entre as partes, quer para um eficaz apuramento factual da verdade dos factos - factor cada vez mais determinante nas democracias”.
“Como diz o nosso Código Deontológico, ‘o jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se usarem para canalizar informações falsas’. Estas regras aplicam-se, naturalmente, a qualquer fonte de informação do jornal”, sublinha o “Expresso”.
O primeiro-ministro recebe esta terça-feira de manhã a Ordem dos Médicos, que tinha pedido uma reunião de urgência com António Costa. A Ordem divulgou hoje um comunicado em que considera ofensivas as declarações de António Costa numa conversa privada com jornalistas do semanário Expresso.
O vídeo dessa conversa foi divulgado nas redes sociais, primeiro, e depois por alguns órgãos de comunicação social durante o fim de semana.
No comunicado, a Ordem considera que as afirmações de António Costa "independentemente de serem proferidas de forma pública ou em privado, traduzem um estado de espírito ofensivo para os médicos e um sentimento negativo por uma classe profissional".
Em declarações à margem do Fórum Médico, o bastonário Miguel Guimarães afirmou esperar que o “mal-estar” entre os médicos e o Governo relativo ao surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz possa ser “sanado e resolvido rapidamente”.
O secretário de Estado da Saúde pronunciou-se esta segunda-feira sobre a polémica. António Lacerda Sales reforçou que a Ordem dos Médicos "não tem poder de fiscalização ou de inspeção", num referência ao relatório sobre o surto de Covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz.
António Lacerda Sales afirma que o primeiro dever dos profissionais de saúde é tratar os seus doentes, mesmo nas condições mais difíceis.
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