31 ago, 2020 - 12:43 • Eunice Lourenço , Susana Madureira Martins
A reorganização do ano letivo é o “teste mais importante” na estratégia de combate à pandemia de Covid-19, assumiu o primeiro-ministro e líder socialista, António Costa, na conferencia nacional do PS, que decorre esta segunda-feira, em Coimbra. Uma ocasião em que o primeiro-ministro reafirmou a sua vontade de ter um acordo para a legislatura e anunciou que vai começar a reunir com todos os partidos para debater o programa de recuperação económica.
“Naturalmente, o risco de contágio vai aumentar”, reconheceu António Costa, logo no início do seu discurso de mais de uma hora e que teve como mote o tema da própria conferencia “Combater a pandemia, recuperar o país, preparar o futuro”.
O regresso das aulas presenciais, mas também do trabalho presencial, vai aumentar os contágios no Outono, como salientou o líder socialista, mas por isso mesmo é preciso estar mais preparado. E, nessa preparação, Costa salientou o aumento da capacidade de testagem, como já foi anunciado. E também o aumento da capacidade das unidades de cuidados intensivos para que Portugal que se aproxima da média europeia. Isto apesar de, como disse o primeiro-ministro, o país nunca ter ultrapassado os 63% da ocupação de camas de cuidados intensivos.
Outra ferramenta para conter os contágios é a aplicação para telemóveis “Stay way covid”, que será apresentada oficialmente esta terça-feira e que permitirá avisar mais rapidamente quem tenha estado mais de 15 minutos a menos de dois metros de uma pessoa diagnosticada com Covid19. O primeiro-ministro apelou aos portugueses para que descarreguem esta aplicação e disse que ele próprio o irá fazer.
Quanto ao ano letivo, o líder socialista garantiu que vai continuar a haver conteúdos educativos na televisão, nem que seja só para uma criança. “Há-de haver sempre um aluno ou um professor contaminado. Temos de evitar que uma pessoa contaminada signifique toda uma escola encerrada”, disse Costa.
A estratégia a usar nas escolas em caso de identificação de casos de Covid-19 ainda está a ser definida pela DGS e será discutida na reunião entre especialistas, políticos e parceiros sociais marcada para dia 7 no Infarmed, em Lisboa.
Quanto à recuperação do país, António Costa disse que é preciso “retirar o país da recessão”, mas não é possível acorrer a tudo, pelo que é preciso fazer escolhas. A primeira escolha é reforçar o Serviço Nacional de Saúde. A segunda é dar resposta às necessidades de habitação, seja habitação social, seja casas para arrendamento acessível.
O primeiro-ministro reconheceu que esta pandemia veio revelar ou acentuar fragilidades sociais do país. A Covid criou “um novo problema sanitário” que exige novas respostas sociais. E uma dessas fragilidades tem a ver com a população mais velha. Segundo Costa, não é só porque os idosos têm maior risco de doença grave em caso de infeção por Covid que há tantos casos em lares. “Há aí muitas vulnerabilidades”, apesar do esforço feito pelo sector social, disse o primeiro-ministro, defendendo a necessidade de “novas respostas sociais”.
Considerando que Portugal e o mundo vivem “uma maratona do ponto de vista sanitário, mas também do ponto de vista económico e social”, Costa lembrou a “bazuca” europeia que irá permitir enfrentar essa maratona, mas que tem de ser bem usada, para combater o “maior défice” que Portugal tem que é o défice de qualificações e para aumentar a competitividade económica e a coesão social.
“Estamos a trabalhar para criar as condições políticas para que, no horizonte da legislatura, haja a estabilidade necessária para aprovarmos todos estes programas, lançarmos todos estes programas, iniciarmos a execução de todos estes programas”, afirmou Costa, reafirmando, assim, a sua vontade de ter um acordo estável para o resto da legislatura. “Estes programas transcendem esta legislatura, transcendem mesmo a próxima legislatura. Este é mesmo um programa para Portugal, para portugueses e em que todos têm de estar envolvidos”, acrescentou o primeiro-ministro.
“Quisemos e queremos envolver todos neste esforço de recuperação do país”, continuou Costa, anunciado que vai levar a debate no Parlamento a visão estratégica para Portugal que pediu a António Costa e Silva e que será apresentada na sua versão final no dia 15. O primeiro-ministro também anunciou que vai começar no dia 21 “ consultas com todos os partidos” sobre o pleno de recuperação económica, sobre o qual também pretende ter uma reunião com o Conselho Económico e Social.
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