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Presidenciais 2021. Ana Gomes diz que "há demasiado encosto" entre Presidente e Governo

17 set, 2020 - 06:33 • Lusa

Em entrevista à RTP, a candidata deixou a advertência ao PS e a Costa: num segundo mandato, Marcelo Rebelo de Sousa tentará comandar o primeiro-ministro.

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A candidata presidencial Ana Gomes afirmou na quarta-feira à noite que "há demasiado encosto" entre o Presidente da República e o Governo e advertiu que num segundo mandato Marcelo Rebelo de Sousa tentará comandar o primeiro-ministro.

Ana Gomes, que na semana passada anunciou que irá candidatar-se a Presidente da República, assumiu estas posições numa entrevista à RTP3, durante a qual também revelou que vai ser apoiada por Isabel Soares, filha do antigo chefe de Estado e fundador do PS, Mário Soares.

Durante a entrevista, a diplomata fez sobretudo críticas à atuação do chefe de Estado e à linha política seguida pela direção do seu partido em relação às eleições presidenciais de 2021.

"Mesmo que fosse o meu melhor amigo, eu jamais teria tolerado com um sorriso embaraçado ou cúmplice que um primeiro-ministro lançasse a minha recandidatura à Presidência da República, que foi aquilo que se passou naquele episódio na fábrica da Autoeuropa", em abril, entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, referiu Ana Gomes.

Ana Gomes acusou também Marcelo Rebelo de Sousa de "estar completamente ausente do debate sobre as grandes prioridades estratégicas de Portugal", embora esteja sempre "a comentar a espuma dos dias", mas insurgiu-se principalmente sobre o sistema de relações entre os órgãos de soberania Presidência da República e Governo.

"Repito que faço um mandato globalmente positivo do Presidente da República, mas acho que cada macaco no seu galho. Há demasiado encosto do Presidente ao Governo e do Governo ao Presidente", apontou.

Na entrevista, a ex-eurodeputada procurou também dirigir várias mensagens aos eleitores do espaço do PS, chegando mesmo a dizer que Marcelo Rebelo de Sousa não pode ser apoiado "por verdadeiros socialistas".

"Somos diferentes. Eu sou progressista e ele é conservador", disse, procurando traçar aqui uma linha de demarcação de caráter ideológico.

Mas Ana Gomes foi mais longe com um aviso sobre o que poderá ser um segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República.

"Dá ideia de que um dia vai querer de facto comandar quem quer que exerça o cargo de primeiro-ministro. Está-lhe na massa do sangue, do tipo de jogos em que ele se compraz, o tipo de percurso político nos bastidores da política em que ele sempre foi exímio. Ora bem, eu acho que este é o momento para os socialistas pensarem bem que, se se mobilizarem, podem ter alternativa", disse.

Em relação ao PS, Ana Gomes afirmou esperar que este partido dê liberdade de voto aos seus militantes nas próximas eleições presidenciais e recorreu ao passado das décadas de 80 e 90 para tirar a seguinte conclusão: "Sempre que o PS esteve unido nas eleições presidenciais fez a diferença, elegendo Mário Soares e Jorge Sampaio; sempre que o PS esteve desunido ou não foi a jogo, a direita ganhou".

A ex-eurodeputada socialista tentou ainda estabelecer diferenças face a outras candidaturas presidenciais já anunciadas, como as de João Ferreira, do PCP, e de Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, classificando-as como "candidaturas partidárias".

Questionada sobre o líder do Chega, a diplomata respondeu que não o conhece pessoalmente e considerou "uma medalha de honra" André Ventura caracterizá-la como "candidata cigana", salientando que a extrema-direita é a sua inimiga nas próximas eleições presidenciais.

Já na parte final da entrevista, Ana Gomes foi confrontada com as acusações de que é populista, faz julgamentos na praça pública e desrespeita a presunção da inocência, mas rejeitou-as.

"Fiz denúncias escritas sempre com a minha cara e nunca anónimas. Vi foi muitas vezes as instâncias de justiça serem abafadas para que não se fizesse justiça, como nos casos dos submarinos ou do apagão fiscal", contrapôs.

Depois, a ex-eurodeputada do PS voltou a criticar a atitude "altamente questionável" do primeiro-ministro, António Costa, manifestar apoio à recandidatura do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.

"Isso sim é que é uma deriva populista. E não foi só do primeiro-ministro", acrescentou.

Comentários
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  • ze
    17 set, 2020 aldeia 16:02
    Pode ser que o PSD vote em si...........
  • Filipe
    17 set, 2020 évora 13:40
    Com esta senhor Presidente o futuro dos jovens terão como profissão ajudar o Estado e viver do ar sendo : Piratas Informáticos . A tradição assim se espelha desde a época dos Descobrimentos aos dias de hoje ou seja ; um país de trafulhas . Se não fosse denunciados esse Pinto , hoje teria uns bons milhões de dólares nas Ilhas do Paraíso Fiscal onde rebocava mais alguns a mamar ... sejam advogados ou amigos e primos . Se tivesse sido uma rede de droga ou pornografia infantil , essa senhora não o defendia . Defende porque estão lá opositores da mesma . Vá rapazes e raparigas ... estudar para quê em Portugal ... peguem num manual de pirata informático , liguem-se na DarkWeb e façam o vosso futuro protegido pela candidata a Presidente da República .
  • Joaquim
    17 set, 2020 aqui 09:43
    Porque é não disse nada quando o Rui Moreira encabeçou de lista ao Conselho Superior ao FC. Porto? Hipócrita e incoerente!

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