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Da esquerda à direita, oposição encerra debate parlamentar com críticas ao Plano 2020/2030

23 set, 2020 - 18:55 • Lusa

Na reta final do debate pedido pelo Governo sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, o novo líder parlamentar do PSD, Adão Silva, reiterou a posição do partido, de que “as empresas têm de ser as principais destinatárias” destes recursos.

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O debate parlamentar sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, ou Plano 2020/2030, encerrou esta quarta-feira com críticas da oposição ao documento, com PSD e CDS a pedirem mais atenção às empresas e BE e PCP aos problemas dos trabalhadores e SNS.

Na fase de encerramento do debate parlamentar temático pedido pelo Governo sobre a visão estratégica para o Plano de recuperação económica de Portugal 2020-2030, o novo líder parlamentar do PSD, Adão Silva, reiterou a posição do partido que “as empresas têm de ser as principais destinatárias” destes recursos.

“Se, por oportunismo ideológico, viessem a concentrar-se nas clientelas políticas e amiguismos e ainda na criação de um Estado mastodôntico, estaríamos a andar para trás e ao contrário dos ventos da História”, afirmou, avisando o Governo que “não pode instrumentalizar aquele ‘jackpot’”.

Adão Silva reiterou ainda as preocupações expressas no início do debate pelo líder do PSD, Rui Rio, de que o dinheiro possa não ser bem aproveitado devido às “cadeias de corrupção”, invocando vários casos judiciais envolvendo um ex-primeiro-ministro acusado [José Sócrates], antigos banqueiros e o topo da magistratura para que a sociedade possa “temer o pior”.

Também o CDS-PP, pelo líder parlamentar Telmo Correia, pediu mais atenção às empresas e economia exportadora e questionou o Governo sobre o quê é que pretende encontrar um consenso neste plano.

“Este plano é em larga medida um vasto conjunto de generalidades, é uma espécie de carta dirigida ao pai Natal europeu, onde cabe tudo aquilo que o país pode querer e desejar. A questão é que terá de ser paga, como é que nós portugueses vamos pagar?”, questionou.

À esquerda, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, questionou o Governo sobre as saídas de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registadas durante a pandemia.

“Se de facto o SNS é uma aposta do país, se de facto os seus profissionais são uma aposta do Governo, é inexplicável que no momento em que mais precisamos deles não tenhamos conseguido que se mantivessem no SNS”, criticou.

Pedro Filipe Soares acusou ainda o autor da primeira versão do plano, o gestor António Costa e Silva, de ter “falhado na análise”, apontando que o documento não tem “uma palavra” sobre a necessidade de valorização dos rendimentos do país e “nem uma linha” sobre a proteção do emprego.

A este propósito, o líder parlamentar do Bloco criticou o presidente do PSD por ter contestado o aumento do Salário Mínimo Nacional, dizendo que “há fantasmas que vêm tirar o sono a Rui Rio e à sua bancada”.

Pelo PCP, também o líder parlamentar João Oliveira criticou a intervenção de Rio no debate: “Quem fez prática governativa de cortes de salários, tarde ou nunca se habitua a que os salários dos trabalhadores tenham de aumentar”.

Ao plano de recuperação, o deputado comunista considerou que faltam “medidas e ações concretas” para responder aos “problemas imediatos dos portugueses”, como o “número recorde” de trabalhadores em ‘lay-off’, os “horários desregulados” ou as ameaças de despedimentos na Autoeuropa.

Inês Sousa Real, líder parlamentar do PAN, reconheceu “uma série de boas intenções” ao plano.

“Mas não podemos deixar de manifestar a nossa deceção. Na verdade, traduz-se em muito pouco, porque assenta no pressuposto de que podemos manter o atual modelo socioeconómico”, disse, apelando ao Governo para que acolha uma “visão mais progressista e sustentável” para a recuperação do país.

Na mesma linha, também o líder parlamentar d’ “Os Verdes” José Luís Ferreira considerou que “será um erro irreversível” se o Governo quiser recuperar a economia com opções que provocam “graves impactos ambientais”, apontando como exemplos a localização do futuro no aeroporto do Montijo ou a “exploração desenfreada” de lítio.

“Recuperar a economia sacrificando valores ambientais é tapar um buraco criando outro buraco que nem a mais potente bazuca poderá regularizar”, avisou.

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