23 out, 2020 - 00:21 • Susana Madureira Martins
Em vésperas da votação na generalidade do Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) e face às dificuldades nas negociações à esquerda, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, apelou aos deputados socialistas para que tenham "confiança", para que não se entre num drama e se encare a situação com serenidade.
O apelo foi feito no encerramento da reunião da bancada do PS com a equipa do Ministério das Finanças, na quinta-feira à noite.
Segundo relatos feitos à Renascença, Duarte Cordeiro terá referido que este é um orçamento muito difícil, mas o importante é que o país perceba que o PS está a colocar a governação acima de tudo, acima de jogos políticos e acima das polémicas com os parceiros de esquerda.
As mesmas fontes referem que Duarte Cordeiro terá alertado que a preocupação deve ser como resolver os problemas em torno da pandemia e não fazer contas ao futuro sobre quem ganha que vantagem política agora ou no próximo ano, apelando aos deputados do socialistas a que trabalhem sem dramatismos e sem nervosismos.
Numa reunião em que esteve toda a equipa do ministério das finanças não ficou claro o estado em que estão as negociações com o Bloco de Esquerda (BE), o PCP, o PAN e o PEV no sentido de conseguir a viabilização do OE. O ministro João Leão apenas terá deixado a mensagem de que as conversas estão a decorrer na expectativa que corram bem.
De registar que durante a reunião, o PCP terá sido poupado quer pelos deputados quer pelo governo, com as críticas aos parceiros a centrarem-se no BE e na resposta que tem sido dada pelo governo às reivindicações deste partido, nomeadamente em relação ao Novo Banco.
Segundo relatos da reunião, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, terá mesmo dito que "ninguém percebe a questão do Novo Banco" e que se o país ficar "em duodécimos é preciso continuar a colocar dinheiro" naquela instituição, referindo-se assim implicitamente à possibilidade de um OE chumbado e manter em vigor o OE de 2020.
A intervenção do ministro das finanças, João Leão, ao longo da reunião é descrita como não tendo tido "politicamente grande relevância", deixando apenas a garantia de que há margem para reforçar as políticas activas de emprego para além daquilo que consta na proposta de Orçamento do Estado, "se a pandemia assim o exigir".
Aos deputados João Leão referiu ainda que não tem previsão de fazer "exercícios de rectificação orçamental", terá mesmo sido esta a expressão usada, ou seja, não há previsão para se fazer orçamentos rectificativos, sobretudo a esta distância, porque, argumenta o ministro, tudo depende da evolução da pandemia.