28 out, 2020 - 20:00 • José Pedro Frazão
O “número 2” do aparelho do Partido Socialista está confiante numa solução de Governo nos Açores liderada pelos socialistas. José Luis Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, reconhece que o CDS pode ser uma das chaves para viabilizar uma maioria parlamentar que permita um Governo do PS naquela região autónoma.
“O CDS é um dos partidos que historicamente têm mantido nos Açores um diálogo muito construtivo para viabilizar soluções políticas regionais, assim como outros partidos. Setenta e cinco por cento das propostas legislativas têm contado com o apoio dos outros partidos com assento na Assembleia Legislativa Regional. Há um quadro político de cooperação e de concertação política que não deixará de ser importante na viabilização de uma solução política governativa do Partido Socialista nos Açores”, assegura José Luis Carneiro no programa “Casa Comum” na Renascença.
O PS foi o partido mais votado nas eleições regionais açorianas, mas perdeu a maioria absoluta e os votos da esquerda são inferiores ao número de lugares à direita onde é possível formar uma maioria com PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega.
No programa “Casa Comum” desta semana, o social-democrata Paulo Rangel recorda que nunca pôs em causa a legitimidade de um Governo constituído e desdramatiza a influência do Chega na formação de maiorias parlamentares na Assembleia Legislativas Regional dos Açores.
Apesar de as conversas entre PSD e CDS nos Açores estarem a “correr bem”, o PS regional ainda tem esperança que o CDS ajude um novo governo socialista na Assembleia Legislativa regional. E Carlos César, presidente do PS e ex-presidente do Governo Regional, assume isso mesmo numa publicação na rede social Facebook.
“O CDS é, historicamente, um interlocutor privilegiado do PS na Região, num diálogo continuado e com provas dadas em boa parte também justificado pelo posicionamento moderado do PS na Região. Mas não basta. Terá de ir além. E, qualquer que seja o governo, deve evitar soluções precárias”, escreve César, apelando à responsabilidade de todos os partidos depois das eleições regionais de domingo, que ditaram uma vitória do PS, mas com perda da maioria absoluta.
Por seu lado, André Ventura já definiu um caderno de encargos para o Chega iniciar negociações para viabilizar um Governo de direita nos Açores.
Numa mensagem enviada aos dirigentes do partido, a que a Renascença teve acesso. André Ventura avisa que não pode ter duas caras depois de meses a dizer que qualquer convergência com o PSD teria de passar pela convergência do partido nalguns pontos que considera fundamentais.