30 out, 2020 - 16:37 • Lusa
Veja também:
O secretário-geral do PCP defendeu esta sexta-feira que o Governo deve tomar medidas “proporcionais” e com “pedagogia”, avisando que não se pode transformar um problema de saúde “num caso de polícia”.
“Exagerar nessas medidas, pensar que se resolve como um problema securitário, assim não resolvemos o problema. É essa pedagogia para que o povo compreenda o sentido e não procurar de uma forma fácil uma medida securitária, designadamente de confinamento das pessoas, com toda a paralisação da atividade económica e do plano social”, criticou Jerónimo de Sousa, no final de uma reunião de mais de uma hora com o primeiro-ministro, António Costa.
O secretário-geral do PCP defendeu ainda que as medidas a anunciar pelo Governo no sábado “são inseparáveis” de medidas de reforço do Serviços Nacional de Saúde (SNS), dizendo discordar de uma requisição civil dos privados se tal significar desvalorizar o sistema público.
“Não transformemos um problema de saúde num problema policial”, apelou.
Questionado se o PCP aceitaria um novo estado de emergência ou uma medida como recolher obrigatório, Jerónimo de Sousa não respondeu diretamente, mas referiu que a lei da proteção civil e a lei de vigilância da saúde “são instrumentos que podem responder neste contexto à situação” sanitária.
“Procurar todas as medidas de defesa da saúde, mas que essas medidas não sejam transformadas num caso de polícia”, referiu.
Governo pondera recolher obrigatório e não exclui (...)
Quanto ao SNS, Jerónimo de Sousa defendeu que não se pode secundarizar “a necessidade absoluta” do seu reforço, quer em termos de profissionais de saúde (admitindo até o recurso a enfermeiros reformados que se voluntariem), quer de disponibilidade de camas, face ao agravamento da pandemia.
Questionado se o PCP defende - como fez poucos minutos antes o BE - uma requisição civil dos setores privado e social da saúde, Jerónimo de Sousa respondeu negativamente, se tal significar subalternizar o sistema público.
“Se isso for para subestimar ou secundarizar o SNS estaremos em desacordo, não pode haver desresponsabilização e considerar o SNS como algo secundário”, defendeu.
Questionado de saiu deste encontro com o primeiro-ministro mais preocupado com as medidas que aí vêm - no qual esteve acompanhado pelo líder parlamentar João Oliveira e pelo dirigente Jorge Pires -, o secretário-geral comunista disse que “por razões de ética” se escusava a fazer caracterizações do que possa vir a ser anunciado no sábado pelo Governo.
Jerónimo de Sousa foi o terceiro líder partidário a ser recebido em São Bento, num dia em que António Costa ouve todos os nove os partidos com representação parlamentar para procurar um consenso para a adoção de medidas imediatas de combate à pandemia de covid-19, que tem registado um continuado aumento em Portugal.
As medidas a tomar pelo Governo serão depois anunciadas por António Costa, no sábado, no final de uma reunião do Conselho de Ministros extraordinária.
Na sexta-feira, Portugal registou um novo máximo de pessoas internadas em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) desde o início da pandemia de covid-19, com 275 pessoas hospitalizadas. O último boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) contabilizou também 40 mortos e 4.656 infetados.