02 nov, 2020 - 18:42 • Redação com Lusa
O líder do PSD nos Açores, acompanhado dos presidentes do CDS e do PPM na região, anunciou esta segunda-feira um princípio de acordo para a formação de um governo na região resultante das eleições do dia 25 de outubro.
No sábado, a Renascença já tinha avançado que os três partidos tinham tudo alinhavado com vista à formação de uma "geringonça" de direita. Fonte próxima das negociações adiantou então que um possível acordo de viabilização com o Chega estava "a resolver-se, mas com os deputados" regionais.
"A seu tempo desenvolveremos todos os contactos e declarações que se mostrem úteis para este processo", afirmou esta segunda-feira José Manuel Bolieiro aos jornalistas, após uma declaração na cidade da Horta, na ilha do Faial, sede do parlamento açoriano.
Bolieiro deu uma conferência de imprensa conjunta com Artur Lima, do CDS, e Paulo Estêvão, do PPM, tendo anunciado uma "proposta de governação profundamente autonómica", um "governo dos Açores para os Açores" e com "total respeito e compreensão pela pluralidade representativa do povo".
Em comunicado enviado às redações, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, congratulou-se com o novo governo de centro-direita nos Açores, que é "um marco histórico para a democracia açoriana".
"Os açorianos desejaram mudar. E sabem que contam com o CDS", sublinha o dirigente centrista, enviando uma "saudação especial" a Artur Lima, vice-presidente do CDS e presidente do CDS Açores, "pela sua liderança e notável trabalho que poderá levar o CDS, pela primeira vez na história, ao Governo Regional".
Francisco Rodrigues dos Santos termina o comunicado com a garantia de que "o CDS é um partido insubstituível na nossa democracia, e estas eleições nos Açores vieram mostrar que estamos vivos, ainda com mais força e determinação no caminho que queremos para Portugal".
O PS venceu as eleições regionais nos Açores, elegendo 25 dos 57 deputados da Assembleia Legislativa Regional, mas um bloco de direita, numa eventual aliança (no executivo ou com acordos parlamentares) entre PSD, CDS-PP, Chega, PPM e Iniciativa Liberal poderá funcionar como alternativa de governação na região, visto que uma junção de todos os parlamentares eleitos por estes partidos dar 29 deputados (o necessário para a maioria absoluta).
O PAN, que elegeu um deputado, pode também viabilizar parlamentarmente um eventual governo mais à direita.
O vice-presidente do Chega/Açores Orlando Lima demitiu-se esta segunda-feira do cargo por considerar que o líder nacional do partido, André Ventura, descurou "os interesses dos açorianos" na noite das eleições regionais e assumiu uma "postura centralista".
André Ventura impõe várias exigências para negociar o apoio do Chega a uma coligação governamental de direita nos Açores, entre as quais a participação do PSD no processo de revisão constitucional em curso e a redução para metade dos beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) nos Açores.