10 nov, 2020 - 21:57 • Paula Caeiro Varela , Filipe d'Avillez
André Ventura diz que o acordo com o PSD que permitiu viabilizar um governo nos Açores liderado pelos social-democatas é um passo histórico e abre o caminho "pela primeira vez em muitos anos", a um futuro Governo de direita em Portugal.
O líder do Chega convocou esta tarde os jornalistas para dar nota pública de um agradecimento que quis fazer a Rui Rio.
"Nós temos dois caminhos a partir daqui. Ou há esta diabolização do Chega, tolerada pelo PSD, em que prefere dar as mãos à extrema-esquerda e ao PS e continuar a diabolizar o Chega, ou percebe que não vai haver futuro Governo em Portugal à direita sem o Chega e começamos a fazer um caminho.”
“Portanto hoje eu não vim saudar o Dr. Rui Rio, porque não me compete fazer isso, mas vim agradecer as palavras que foram ditas ontem, no sentido em que admite um acordo com o Chega a nível nacional”, afirmou.
André Ventura acrescenta que o acordo alcançado nos Açores é um passo histórico e deixa um desafio direto a Rui Rio. Para que o mesmo aconteça no futuro no continente o PSD terá de radicalizar-se.
“O PSD disse que admitia conversar com o Chega se o Chega se moderasse, o Chega admite conversar com o PSD se o PSD se radicalizar nalgumas coisas. Quais são essas coisas? São o combate à corrupção, o combate ao desperdício do sistema político, como o que temos com 230 deputados, o combate à pedofilia, o combate ao sistema fiscal absurdo em que uns pagam para quem não quer trabalhar e não quer fazer nada. Isso é o que pedimos em termos de radicalização do PSD”, disse Ventura.
Com o parlamento a anunciar que o processo de revisão constitucional fica suspenso durante o estado de emergência, André Ventura revela que vai retirar da proposta do Chega alguns pontos, para acompanhar o PSD quando a proposta dos social-democratas der entrada.
“Quero-vos anunciar aqui hoje que o Chega vai retirar da sua proposta de revisão constitucional o projeto de redução do número de deputados, precisamente para acompanhar o projeto do PSD, que será apresentado em janeiro ou em fevereiro. Retirará também da sua proposta de revisão constitucional algumas questões relacionadas com a justiça e com a reforma do sistema fiscal, para acompanhar a proposta do PSD, com eventuais alterações a partir de janeiro, e dizer que a partir daqui o Chega está a cumprir a sua palavra e espera naturalmente que o PSD cumpra a sua palavra.”
“Penso que temos aqui um caminho aberto para fazer um verdadeiro percurso de transformação em Portugal”, vaticina o líder partidário.
O líder do Chega assume um tom de vitimização perante as críticas feitas por António Costa ao PSD, por causa do acordo com o Chega nos Açores, insistindo que continua à espera de um pedido de desculpas.
"Isto diz muito do nosso primeiro-ministro. Ainda estou à espera que ele me ligue a pedir desculpas, ainda não aconteceu até hoje, duvido que aconteça, mas ainda continuamos à espera", conclui.