16 nov, 2020 - 16:42 • Hugo Monteiro com redação
Sucedem-se as vozes dentro do Partido Social Democrata (PSD) a condenar a aproximação de Rui Rio ao partido de extrema-direita Chega, após este último ter viabilizado um governo minoritário social-democrata nos Açores.
Num artigo de opinião no "Público" esta segunda-feira, o antigo ministro Jorge Moreira da Silva manifesta repulsa a esta aproximação e diz ser necessária uma clarificação em congresso extraordinário. A ideia é apoiada pela ex-ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, em declarações à Renascença.
"Não só é necessária uma clarificação face ao que ocorreu nos Açores, como é necessária uma clarificação sobre o que se nos depara no continente", defende a militante social-democrata. "Da minha parte só posso lamentar, só posso exigir uma clarificação e espero que essa clarificação não parta do domínio do partido."
Questionada sobre se deve ser feita em congresso, Teixeira da Cruz responde: "Pode surgir em congresso e, na minha opinião, deve. Temos de saber com o que é que contamos. Quero saber para onde vai o meu partido e quem é o meu partido nesta altura."
Sobre se esse congresso deve acontecer antes de uma nova ida às urnas, Paula Teixeira da Cruz diz que sim, mas exclui as presidenciais "por razões óbvias".
"Como não gosto de totalitarismos, é evidente que prefiro uma clarificação anterior" às eleições, responde.
Para a ex-ministra da Justiça, "o PSD renegaria as suas raízes se fizesse – como está a fazer – um acordo [com o Chega], quer nos Açores, quer o que se prepara para fazer em Portugal continental. Tudo isto empobrece o PSD, limita o PSD. Onde está o meu partido?", questiona, fazendo ecoar as mesmas perguntas de Moreira da Silva.
Paula Teixeira da Cruz lembra que o "ADN social-democrata" do PSD impede qualquer tipo de aproximação ao Chega.
"Por outro lado", contrapõe, "a única possibilidade de reunião que há entre os dois partidos" -- algo "lamentável" -- é ambos terem "líderes autocráticos que, como líderes autocráticos que são, pensam que tudo é possível".
"Nós somos um partido livre, sempre fomos um partido livre, não é agora que nos vão tirar essa liberdade", remata Paula Teixeira da Cruz.