18 nov, 2020 - 23:45 • Lusa
O líder do PSD disse esta quarta-feira acreditar que a atual legislatura socialista não chegará ao seu termo em 2023, e que está mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, lugar a que disse não querer chegar de “qualquer maneira”.
Em entrevista à TVI, Rio reiterou o voto contra do PSD na votação final do Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) e até admitiu que uma gestão em duodécimos poderia ser preferível a um documento “piorado” pelo PCP e Bloco de Esquerda.
“É um problema, mas deixe-me dizer que um Orçamento como está e como pode vir a sair [da especialidade], não sei se não é pior”, afirmou.
Questionado então se considera preferível um cenário de eleições antecipadas, o líder do PSD fez questão de separar os planos, mas disse duvidar da estabilidade da legislatura.
“Da maneira como estou a ver, não me parece fácil que a legislatura vá até ao fim”, afirmou, apontando divisões ao nível do apoio parlamentar e até no Governo.
E à pergunta se tal significa que se considera mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, respondeu afirmativamente:” Sim, isso acho que sim”.
“Não quero chegar a primeiro-ministro de qualquer maneira. Se ao longo deste tempo for prometendo o impossível, quando chegar a primeiro-ministro já estou diminuído”, disse.
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Questionado se o PSD iria repetir na votação final global do orçamento o voto contra da generalidade, Rio disse que se poderia dar essa posição “como garantida” e fez uma previsão muito crítica do processo na especialidade, que arranca na sexta-feira.
“Se o orçamento saísse da especialidade da mesma forma, o que aconteceria é que chumbava, porque o PCP votava contra. Para passar tem de ficar ainda pior do que está agora”, considerou.
O líder do PSD recusou qualquer responsabilidade por uma crise política caso o documento não seja aprovado, voltando a recordar que o líder do PS, António Costa, disse ao Expresso que o seu Governo acabaria se precisasse do PSD para aprovar orçamentos.
“Se eu votasse a favor, o Governo acabava, nem é equação”, disse.
Rui Rio reiterou que o problema da proposta orçamental se colocará “não no imediato, mas no futuro” e invocou os alertas do ex-ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que considera irem no mesmo sentido.
“Temos de ter muito cuidado e não quero que o país volte a passar amanhã o que passou há pouco tempo”, advertiu, numa referência ao pedido de ajuda externa em 2011.
No final da entrevista, Rio foi questionado sobre o tema das presidenciais e o que faria se Marcelo Rebelo de Sousa - a quem o PSD já formalizou o seu apoio - decidir, afinal, não se recandidatar.
“Mas vai recandidatar-se, não me disse isto, mas deve anunciar lá para 25, 26 ou 27 de novembro. Marca as eleições e anuncia a seguir. Agora estou eu a fazer de comentador”, ironizou.
Sobre estas eleições que deverão ser marcadas para 24 de janeiro, Rui Rio considerou que já existe “um derrotado, que é o Partido Socialista”, que decidiu não apoiar formalmente qualquer candidato.
“O PCP tem um candidato, o BE tem um candidato, até o Chega. Eu acho que o PSD, as presidenciais, à custa de Marcelo Rebelo de Sousa vai ganhar - o candidato que apoia, não é o PSD - mas há uma certeza maior que é que o PS já perdeu”, disse.